Juventude “Nem Nem” apresenta risco para o futuro do país, afirma especialista

O Brasil vive, hoje, um cenário único, onde há uma geração de jovens formada por mais de 50 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos. Em contrapartida, apesar deste bônus demográfico existe um alto índice de “Nem Nem”, ou seja, jovens que não trabalham e nem estudam.

De acordo com o mestre em Educação e consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) em Gestão e Políticas Públicas voltadas ao Ensino, Francisco Borges, trata-se de um cenário preocupante e que precisa ser mudado.

“Este é um problema muito sério. Hoje, no Brasil, chegamos a uma situação bastante delicada onde jovens de 18 a 24 anos, que deveriam estar estudando ou ingressando no ensino superior, estão parados. Ao todo, 30% desta população não realiza nenhuma atividade produtiva e, se o faz, faz de forma irregular”, explica.

Para o especialista, este problema merece atenção e gera preocupação, pois trata-se de um país em desenvolvimento e, se tudo continuar como está, teremos uma geração que daqui a alguns anos não será capaz de sustentar a população mais velha de um país, pois na fase que deveriam estar produzindo, estão afastados do estudo e do mundo do trabalho.

Para Borges, é urgente que toda a sociedade brasileira encare essa parcela da população e exija políticas públicas específicas para as juventudes. Além das dificuldades já conhecidas, como o alto índice de desemprego dos jovens, os efeitos da pandemia da Covid-19 agravaram a situação para essa parcela da população, que apresentou uma evasão escolar com altos índices.

Segundo Borges, o Brasil não dispõe de uma política nacional para as juventudes que estabeleça ações articuladas e que proporcione oportunidades de formação profissional para todos ou promova uma educação de qualidade que possibilite a continuidade dos estudos.

“É preciso que o governo estabeleça uma política que estimule esses jovens a terem uma perspectiva de trabalho. Hoje, os jovens não se interessam pelos estudos, por não terem interesse pelas matérias aplicadas e por não enxergarem um futuro a partir delas”, afirma.

Além disso, o mestre em educação também ressalta a mudança na educação com o ‘novo ensino médio’. “Dessa forma, a educação fica mais contextualizada, pois, por um lado, sabe-se por que o jovem está aprendendo aquilo e, por outro, se estimula as empresas a contratarem as juventudes, o que ajudará o Brasil a reverter este quadro”, diz.