As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a isenção de salários de até R$ 5 mil, feitas nesta sexta-feira (11/10), impactaram significativamente o mercado financeiro, levando o dólar e os juros futuros às máximas do ano e provocando uma queda no Ibovespa.
Durante uma entrevista à rádio O Povo/CBN em Fortaleza (CE), Lula afirmou que os que “vivem de especulação” devem arcar com a carga tributária. Essa sinalização de aumento nos gastos do governo gerou preocupações entre os investidores sobre a saúde fiscal do país.
O dólar oscilou ao longo do dia, atingindo R$ 5,65, e fechou em alta de 0,50%, cotado a R$ 5,61, o maior valor em um mês. Na semana, a moeda americana acumulou um aumento expressivo de 2,92%.
Lula fez essas declarações em resposta a questionamentos sobre a proposta do governo de implementar um “imposto mínimo de milionários” para compensar a perda de arrecadação decorrente da nova tabela de isenção, que atualmente isenta quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824). “O rico paga proporcionalmente menos imposto do que o trabalhador. Precisamos discutir isso abertamente”, enfatizou o presidente.
A promessa de isentar do Imposto de Renda aqueles que ganham até R$ 5 mil é um compromisso de campanha de Lula, reafirmado periodicamente, com o objetivo de ser cumprido até o final de seu mandato, em 2026.
O Ibovespa também reagiu negativamente, encerrando a sessão com queda de 0,28%, aos 129.992 pontos, acumulando perdas de 1,09% na semana e 2,86% no ano.
Além das declarações de Lula, o desempenho do mercado reflete os dados de inflação recentes, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. No Brasil, a inflação de setembro subiu 0,44%, impulsionada por aumentos nas tarifas de energia e nos preços dos alimentos, levando o mercado a prever novas elevações na taxa Selic pelo Banco Central.
Nos Estados Unidos, a inflação também subiu 0,2% em setembro, mostrando desaceleração, enquanto o mercado de trabalho sinaliza arrefecimento. Com dados divergentes, investidores esperam que o Federal Reserve continue cortando os juros, embora em ritmo mais lento.