Manaus – Após diversos casos de assédio sexual cometidos pelo profissional de educação física, José Aderbal Tavares Freitas Junior, vir à tona na web, várias vítimas dele surgiram nas redes sociais, relatando os mesmos casos de abusos e importunação sexual sofridos por ele na capital.
O homem é condenado pela Justiça do Amazonas por violação e importunação sexual mas, diferente do colega de profissão, o personal trainer Paulo Fabrício, de 41 anos, que foi preso pelo estupro de uma jovem a caminho da escola, em Manaus, continua em liberdade e atuando nas academias da cidade.
As vítimas identificadas como Sandra e Adrielly publicaram uma série de denúncias no Instagram, relatando que também foram vítimas de Aderbal, e que provavelmente outras garotas irão se pronunciar por terem sofrido com os mesmos crimes. Veja a seguir:
Outros crimes
Segundo ação penal movida pelo Ministério Público do Amazonas, os casos ocorreram em 2021 com três mulheres diferentes, todas alunas que foram atraídas até um espaço de beleza, massagem e estética de propriedade da esposa de José Aderbal, que também é massoterapeuta, e se aproveitou das situações.
No primeiro caso, em 8 de janeiro daquele ano, o personal pediu um abraço ao se despedir da vítima e acabou a beijando na boca sem seu consentimento. Meses depois, em 7 de junho, após treino na academia Live, uma segunda vítima foi convidada para o espaço com a desculpa de “avaliação física”. No local, teve que ficar apenas de calcinha e sem sutiã.
“O Denunciado começou a fazer uma ‘drenagem’ na vítima e fez elogios ao seu corpo, dizendo: “seu corpo é bonito, não precisa sentir vergonha”. O Denunciado apalpou o corpo todo da vítima, as laterais de seus seios e de suas pernas, passando a mão próximo à sua genitália”, diz trecho da denúncia.
Um dia depois, no dia 8 de junho, sua terceira vítima foi a que mais sofreu, recebendo comentários de que sua vagina era igual a de um “bebê”, os seios eram lindos e durante a massagem o personal teria conseguido tocar em sua parte íntima.
“O Denunciado continuou com a massagem e chegou a tirar a calcinha da vítima, abriu a sua vagina e olhou dentro. A vítima, assustada, pediu para se vestir, levantou da maca e colocou a sua roupa. O Denunciado lhe disse ‘você é um mulherão, mas eu sou muito profissional, tanto que isso não sobe a minha cabeça’, fazendo um gesto puxando o calção e mostrando que não estava Excitado”, diz outro trecho.
Em agosto, o Ministério Público ofereceu denúncia contra José Aderbal, mas a prisão preventiva foi negada. Em resposta à acusação, como em muitos casos de violência sexual, a defesa do personal tentou desmerecer o ocorrido e alegou que a primeira vítima registrou a ocorrência apenas três meses após o ocorrido.
As três, em depoimento, relataram que se sentiram mal durante o ocorrido, mas só entenderam a violência sofrida muitos meses depois e o MP teve o mesmo entendimento: “A banalização da violência contra a mulher em tempos atuais fomenta um cenário em que, por vezes, como no caso em concreto, a vítima somente vai perceber que foi violentada muito tempo após refletir sobre o ocorrido, já que a violência se tornou algo ‘rotineiro’, e depende, assim, de uma certa maturidade psicológica e emocional da vítima para ser compreendida como um fato grave e assim ser denunciada”.
José Aderbal foi condenado a 4 anos e 7 meses de reclusão, mas continua respondendo o processo em liberdade e causando revolta nas vítimas. O homem também chegou a ser denunciado no Conselho Regional de Educação Física.
Com a prisão do personal Paulo Fabrício e com José Aderbal respondendo acusações graves há tanto tempo e em liberdade, o assunto gera um alerta e coloca em cheque a conduta de alguns profissionais.