Vacina AstraZeneca pode ser pouco eficaz contra nova cepa do Coronavírus

Não está claro se o mundo precisa de novas vacinas para combater variantes diferentes do novo coronavírus, mas cientistas estão trabalhando nelas, por isso não existe motivo para alarme, disse o chefe do Grupo de Vacinas de Oxford nesta terça-feira. 

A África do Sul suspendeu a aplicação planejada de vacinas da AstraZeneca depois que dados mostraram que ela oferece uma proteção mínima contra infecções brandas causadas pela variante dominante no país em jovens, provocando temores de uma batalha muito mais longa contra o patógeno. 

A AstraZeneca e a Universidade de Oxford almejam produzir uma nova geração de vacinas que protegerão contra novas variantes antes do inverno no hemisfério norte, que começa no fim de setembro, disse o chefe de pesquisas da AstraZeneca neste mês. 

“Certamente há dúvidas sobre variantes que abordaremos. E uma delas é esta: precisamos de novas vacinas?”, disse Andrew Pollard, pesquisador-chefe do teste de vacina de Oxford, à rádio BBC. 

“Acho que ainda não está claro no momento, mas todos os desenvolvedores estão preparando novas vacinas para que, se precisarmos mesmo delas, as tenhamos disponíveis para poder proteger as pessoas”. 

As vacinas são vistas como o caminho mais rápido para sair da crise da Covid-19, que já matou 2,33 milhões de pessoas no mundo e virou do avesso a vida cotidiana de bilhões. 

Pesquisadores da Universidade de Witwatersrand e da Universidade de Oxford disseram, em uma análise ainda não revista pela comunidade científica, que a vacina da AstraZeneca só proporcionou uma proteção mínima contra infecções amenas ou moderadas da variante sul-africana entre jovens. 

Não foi possível analisar a proteção contra doenças de moderadas a graves, hospitalizações ou mortes no estudo com cerca de 2 mil voluntários com idade média de 31 anos porque a população-alvo corre risco muito baixo, disseram os pesquisadores. 

“Acho que claramente existe um risco de confiança na maneira como as pessoas podem perceber, mas, como digo, não acho que existe nenhum motivo de alarme hoje”, disse Pollard.

O número de casos avaliados como parte dos estudos, no entanto, foi baixo, tornando difícil determinar a real eficácia da vacina contra a variante. Os participantes do ensaio clínico que foram avaliados eram relativamente jovens e não tinham probabilidade de ficar gravemente doentes, sendo impossível para os cientistas determinar se a variante interferia na capacidade da vacina AstraZeneca-Oxford de proteger contra Covid-19 grave, hospitalizações ou mortes. 

Os cientistas acreditam que a vacina pode proteger contra casos mais graves, com base nas respostas imunológicas detectadas em amostras de sangue das pessoas que a receberam. Eles disseram ainda, que se novos estudos mostrarem que esse é o caso, as autoridades de saúde sul-africanas devem considerar a retomada do uso da vacina AstraZeneca-Oxford. 

As novas descobertas da pesquisa não foram publicadas em uma revista científica. Mas, indica que as vacinas atuais seriam menos eficazes. 

A Pfizer e a Moderna afirmaram que estudos laboratoriais preliminares indicam que suas vacinas, embora protetoras, são menos eficazes contra o B.1.351. A Novavax e a Johnson & Johnson também sequenciaram amostras de teste de seus participantes de ensaios clínicos na África do Sul, onde B.1.351 causou a grande maioria dos casos, e ambos relataram menor eficácia lá do que nos Estados Unidos. 

Pesquisadores da Universidade de Oxford reconheceram que a vacina forneceu “proteção mínima” contra casos leves ou moderados envolvendo a variante B.1.351. Eles dizem estar trabalhando para produzir uma nova versão da vacina que pode proteger contra as mutações mais perigosas da variante B.1.351. A expectativa é que a vacina esteja pronta até o outono. 

Moderna também começou a desenvolver uma nova forma de sua vacina que poderia ser usada como uma injeção de reforço contra a variante na África do Sul. 

Novavax disse que sua vacina foi pouco menos de 50 por cento eficaz na prevenção de Covid-19 em seu teste na África do Sul. A Johnson & Johnson relatou que sua vacina de dose única foi 57% eficaz na prevenção de Covid-19 moderada a grave na África do Sul, embora ainda oferecesse proteção completa contra hospitalização e morte após quatro semanas.