Trecho do Rio Tapajós está contaminado por conta do garimpo ilegal

Brasil – Imagens aéreas e de satélites confirmaram o avanço do garimpo na região próxima a Alter do Chão. É um paraíso ambiental no Pará.

Um avião da ONG Observatório do Clima sobrevoou a área e constatou o Tapajós sendo invadido pela lama dos rios Crepori e Jamanxim. Segundo a ONG, a área devastada é um garimpo próximo ao rio Jamanxim. Os rejeitos vão se espalhando por todo Tapajós.

“Há uma explosão do número de garimpos na Amazônia toda, e com especial destaque no médio Tapajós. Você tem um incentivo vindo do aumento do preço do ouro, decorrente da própria pandemia, mas tem um incentivo principal negativo, nefasto no meu entendimento, da posição do governo Bolsonaro, que tem se manifestado desde o início em prol de normas mais flexíveis em relação aos garimpos, da expansão dos garimpos. E isso causa uma espécie de ‘liberou geral’ para quem está em campo. É como: pode fazer porque o governo vai te apoiar”, critica Suely Araújo.

A organização não governamental MapBiomas analisou imagens de satélite de alta resolução em diferentes períodos e constatou que os rejeitos dos garimpos ilegais saem de afluentes, se misturam às águas do rio Tapajós, em direção a Santarém.

Em julho de 2019, a macha de lama já era visível na região de Santarém. Em 2020, a linha ficou ainda mais forte e, em julho de 2021, a mancha estava ainda mais intensa.

“A chegada de sedimento garimpeiro até próximo da foz é um problema ambiental e humano muito grave. Essa é a preocupação. Mesmo na seca, o carreamento de sedimentos do Tapajós, até próximo de sua foz no Amazonas, está preocupantemente alto. Progredindo, aumentando em intensidade e extensão”, diz Cesar Diniz, coordenador do Mapbiomas.

Na semana passada, o Jornal Nacional mostrou cientistas e moradores preocupados com a cor barrenta da água em Alter do Chão, conhecida como o Caribe da Amazônia.

A Universidade Federal do Oeste do Pará identificou níveis de mercúrio no sangue dos moradores, dez vezes acima do recomendado. Garimpeiros usam mercúrio para separar o ouro dos rejeitos.

Pesquisadores estão coletando amostras da água para saber o que estaria causando essa mudança. “Esse sedimento também pode ser de origem natural, uma hidrodinâmica das águas do Amazonas. Agora, isso não quer dizer que a possibilidade de ser natural exclua a influência garimpeira”, explica Cesar Diniz.

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a mudança na cor das águas do Tapajós e colocará em ação um plano com o ICMBio, Ministério Público e técnicos do Ibama para sobrevoar as áreas de garimpo e analisar a água do Rio.

O Ministério do Meio Ambiente declarou que o governo federal apoia o desenvolvimento da mineração realizada de forma regular, com licenciamento ambiental prévio e sob critérios técnicos, e que o governo combate de forma contundente e permanente o garimpo ilegal.

Fonte: G1