Manaus- O candidato a prefeito nas eleições 2020, Amazonino Mendes (Podemos), é acusado de abandono, ingratidão e desrespeito, por uma esposa que clama por justiça desde 2009. Ela culpa “Negão” de ter roubado o seu marido e o abandonado à própria sorte.
O #tbt de hoje apresenta o triste relato de Kátia Guimarães, mulher de Antônio Alves do Carmo, conhecido como “Antônio Pedreiro”, falecido em agosto de 2009, aos 72 anos, vítima de câncer, em Manaus.
A história que acompanha a vida e morte de “Antônio Pedreiro”, é triste e diz muito sobre a ingenuidade de um pobre homem e também sobre a astúcia de um dos mais antigos políticos de Manaus. Antônio era um homem humilde e analfabeto, que ganhou na Loteria Esportiva, em 1972 , ficando rico do dia para a noite.
“Seu Antônio Pedreiro” na época, fazia reparos e consertos na residência de Amazonino Mendes, por quem tinha respeito e admiração, o que, de fato, o levou à ruína, quando confiou todo o prêmio que adquiriu na Loteria, ao “patrão”. De acordo com relatos da família, Amazonino Mendes se apropriou do dinheiro e, para que ninguém desconfiasse, promoveu Antônio a sócio da Arca Construções Ltda., empresa que, na época, era de propriedade de Mendes.
Segundo testemunhas, com o intuito de iludir o pedreiro, que era analfabeto e esbanjava admiração pelo “sócio”, Amazonino não poupou Antônio de bons presentes. Na época, Mendes mandou construir uma sala para Antônio supostamente trabalhar com ele e, também contratou uma bela secretária para Antônio.
O simples pedreiro se sentia feliz e realizado com a guinada em sua vida, ao ficar rico e se tornar sócio de Amazonino. Relatos dão conta que até um anel de ouro, com uma enorme pedra vermelha, podia ser vista em um dos dedos da mão de Antônio Pedreiro.
A alegria, porém, durou pouco. Um ano depois, o pedreiro descobriu que havia sido enganado, que estava pobre, e que fora despejado da empresa sem um centavo no bolso. Amazonino havia usado o dinheiro de Antônio Pedreiro, e depois, sem explicações, acabado a suposta sociedade. Antônio, não sabia ler, mas assinava e, portanto, colocou tudo no nome de Amazonino.
Desesperado e pobre novamente, Antônio Pedreiro passou a ganhar a vida vendendo picolé. Enquanto Amazonino Mendes, seu ‘admirável sócio’ esbanjava dinheiro.
Segundo os familiares de Antônio Pedreiro, a tristeza, decepção e mágoas foram tantas que, o pedreiro, ex-sócio de Amazonino, virou alcóolatra. Voltou à vida difícil de pedreiro, foi usado por políticos de oposição nos programas eleitorais, especialmente nos anos 1980, sofreu ameaças de morte, teve a casa incendiada e sua história acabou tristemente, no leito de um hospital público. Anos depois a família conseguiu um benefício pago pelo INSS ao idoso no valor de R$ 466,00.
Depois de enganar e abandonar Antônio Pedreiro, Amazonino Mendes entrou na política pelo braço de Gilberto Mestrinho, que o fez prefeito nomeado de Manaus, em 1983, e depois o elegeu governador do Estado em 1986. Também foi quatro vezes governador do Estado, prefeito de Manaus, por três vezes, e Senador da República. E mesmo, com tanto poder e, dinheiro, nunca ofereceu ajuda a Antônio Pedreiro e a sua família.
Antônio ficou doente e, faleceu vítima de câncer. Na ocasião do seu funeral, ocorrido na Igreja Adventista do bairro de São Francisco, no dia 24 de março de 2009, membros da família, consternados com a perda do ente querido, lamentavam o fato de Antônio ter morrido, aos 72 anos, na miséria, por causa de Amazonino Mendes.
A família de Antônio, que não tinha recursos para comprar a urna para o enterro, precisou fazer uma “vaquinha” entre os amigos para conseguir sepultar Antônio com dignidade. Antônio deixou esposa, 11 filhos e inúmeros netos.