
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (31) um novo plano tarifário que entrará em vigor no próximo dia 7 de agosto, com seis dias de atraso em relação à data prevista inicialmente.
A medida impõe tarifas de, no mínimo, 15% para países com os quais os EUA registram déficit comercial e de 10% para aqueles com superávit. Alguns países, no entanto, enfrentarão taxas ainda mais altas por razões políticas ou por não firmarem acordos comerciais dentro do prazo.
A ordem executiva foi publicada horas antes do fim do prazo estabelecido em julho para a conclusão das negociações. Segundo o documento, as tarifas passaram a valer a partir das 0h01 do dia 7 de agosto (horário de Washington).
“Há um ano, os Estados Unidos eram um país morto; agora são o mais atraente do mundo”, escreveu Trump na rede Truth Social. Segundo ele, a nova política visa enfrentar uma “avalanche de tarifas” contra os produtos norte-americanos.
Países como Camboja, Lesoto, Vietnã, Tailândia e Madagascar tiveram suas tarifas reduzidas em relação ao pacote inicial, anunciado em abril, sob a chamada política do “Dia da Libertação”. Camboja, por exemplo, passou de 49% para 19%, enquanto Madagascar caiu de 47% para 15%.
Já a União Europeia e a Coreia do Sul assinaram acordos e ficaram sujeitas à tarifa-base de 15%. O Reino Unido e a Austrália foram enquadrados na faixa de 10%. O Ministério do Comércio australiano afirmou que a Casa Branca confirmou que nenhum país possui tarifas recíprocas mais baixas que a Austrália.
Em contrapartida, três países sofreram aumento nas alíquotas em relação ao pacote anterior: República Democrática do Congo, Guiné Equatorial e Suíça — esta última teve sua tarifa elevada de 31% para 39%, o maior aumento entre as nações europeias.
As tarifas mais altas foram aplicadas a Síria (41%), Laos (40%) e Mianmar (40%). Outras nações como Iraque, Sérvia, Argélia, Bósnia e Herzegovina, Líbia e África do Sul enfrentarão tarifas entre 30% e 35%. A Índia ficou com 25%.
O caso do Canadá foi tratado de forma separada. Trump assinou uma ordem específica elevando os impostos de 25% para 35% sobre produtos canadenses, sob a justificativa de que o país “não colaborou no combate ao fluxo de fentanil e outras drogas ilegais” e teria retaliado os EUA por ações do presidente. Além disso, mercadorias consideradas como “transbordadas” para evitar tarifas agora terão uma taxa adicional de 40%.
O Brasil também foi alvo de retaliação: enfrentará um acréscimo de 40% além da tarifa-base de 10%, como punição pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump considera Bolsonaro um aliado político.
Por outro lado, o México conseguiu uma prorrogação de 90 dias na aplicação das tarifas, após conversa entre Trump e a presidente mexicana Claudia Sheinbaum.
Com relação à China, foi firmado um acordo provisório: os EUA reduziram seus impostos de 145% para 30%, e Pequim baixou os seus de 125% para 10%. Também foram suspensas restrições ao comércio de terras raras e semicondutores. As negociações para um pacto definitivo devem ser concluídas até 12 de agosto. Trump afirmou que “as conversas estão indo bem”, mas não deu detalhes.
Além das novas tarifas gerais, continuam em vigor as tarifas de 50% sobre alumínio e aço. Produtos de cobre também passarão a ser taxados nessa faixa, com exceção dos cátodos exportados pelo Chile.
Durante coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou: “Trump está restaurando a soberania econômica dos Estados Unidos ao reduzir nossa dependência de países estrangeiros, atrair investimentos de trilhões de dólares e gerar centenas de milhares de empregos bem remunerados”.
Em entrevista à NBC News, Trump afirmou que a implementação do plano “vai muito bem, de forma fluida” e que, para os países que não assinaram acordo, “já é tarde demais”. Questionado sobre o possível impacto nos preços, respondeu: “O único preço que subiu foi o dos bilhões de dólares que estão entrando”.
Ao comentar a oposição do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à sua agenda comercial, Trump declarou: “Ele não precisa fazer negócios com os Estados Unidos, e isso está ótimo para mim”.
Lista completa de países e territórios com tarifas recíprocas ajustadas pelos Estados Unidos:
| País/Território | Tarifa aplicada |
|---|---|
| Afeganistão | 15% |
| Argélia | 30% |
| Angola | 15% |
| Bangladesh | 20% |
| Bolívia | 15% |
| Bósnia e Herzegovina | 30% |
| Botsuana | 15% |
| Brasil | 10% (+40% adicional) |
| Brunei | 25% |
| Camboja | 19% |
| Camarões | 15% |
| Chade | 15% |
| Costa Rica | 15% |
| Costa do Marfim | 15% |
| República Democrática do Congo | 15% |
| Equador | 15% |
| Guiné Equatorial | 15% |
| União Europeia | 15% |
| Ilhas Malvinas | 10% |
| Fiji | 15% |
| Gana | 15% |
| Guiana | 15% |
| Islândia | 15% |
| Índia | 25% |
| Indonésia | 19% |
| Iraque | 35% |
| Israel | 15% |
| Japão | 15% |
| Jordânia | 15% |
| Cazaquistão | 25% |
| Laos | 40% |
| Lesoto | 15% |
| Líbia | 30% |
| Liechtenstein | 15% |
| Madagascar | 15% |
| Malaui | 15% |
| Malásia | 19% |
| Maurício | 15% |
| Moldávia | 25% |
| Moçambique | 15% |
| Mianmar (Birmânia) | 40% |
| Namíbia | 15% |
| Nauru | 15% |
| Nova Zelândia | 15% |
| Nicarágua | 18% |
| Nigéria | 15% |
| Macedônia do Norte | 15% |
| Noruega | 15% |
| Paquistão | 19% |
| Papua-Nova Guiné | 15% |
| Filipinas | 19% |
| Sérvia | 35% |
| África do Sul | 30% |
| Coreia do Sul | 15% |
| Sri Lanka | 20% |
| Suíça | 39% |
| Síria | 41% |
| Taiwan | 20% |
| Tailândia | 19% |
| Trinidad e Tobago | 15% |
| Tunísia | 25% |
| Turquia | 15% |
| Uganda | 15% |
| Reino Unido | 10% |
| Vanuatu | 15% |
| Venezuela | 15% |
| Vietnã | 20% |
| Zâmbia | 15% |
| Zimbábue | 15% |
Fonte: Gazeta Brasil







