Suspeito de ser espião russo não será extraditado, diz Ministro da Justiça Flávio Dino

Sergey Vladimirovich Cherkasov, homem apontado como um possível espião russo preso no Brasil, não será extraditado. A informação foi publicada nesta quinta-feira 27 pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em um perfil na rede social.

De acordo com Dino, a decisão de manter Cherkasov no Brasil se dá após uma análise técnica do ministério sobre dois pedidos, um dos Estados Unidos e outro da Rússia. A rejeição da extradição, argumenta Dino, estaria embasada pela lei.

“Esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em Tratados e na Lei 13.445/2017. No momento, o citado cidadão permanecerá preso no Brasil”, informou Dino na publicação.

Recentemente, Sergey Cherkasov teve um pedido de liberdade negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa argumentava que ele não apresenta risco à sociedade e, por isso, poderia aguardar o julgamento da apelação no Tribunal Regional Federal da 3ª Região contra sua condenação em liberdade.

Segundo a presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, a análise de um possível excesso de prazo tem de levar em conta os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, considerando-se as particularidades do caso. O pedido de habeas corpus ainda será votado em plenário.

Cherkasov está preso desde o ano passado, quando tentou usar um documento falso no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele é investigado por atos de espionagem, lavagem de dinheiro e corrupção e atualmente está em um presídio de segurança máxima, em Brasília. A Holanda foi quem primeiro apontou a possibilidade de que ele atuava como um espião russo. O país europeu havia impedido o homem de se infiltrar no Tribunal Penal Internacional, em Haia. A Rússia é acusada pelo TPI por crimes contra a humanidade durante a guerra na Ucrânia.

Segundo o Ministério Público Federal, o russo chegou ao Brasil ainda em 2010 e fingia ser brasileiro. Ele usava documentos falsos com o nome de Victor Muller Ferreira e, de acordo com informações holandesas, trabalharia para o GRU, uma unidade de inteligência militar da Defesa russa.

A extradição de Sergey é alvo de disputa entre os governos dos Estados Unidos e da Rússia. A gestão de Putin solicita o envio do preso para o país, pois ele estaria sendo procurado por tráfico de drogas. Joe Biden, por sua vez, teria o objetivo de usar Cherkasov em uma negociação de troca de presos. A informação, neste caso, é do jornal The Wall Street Journal.

De acordo com a publicação, a extradição seria uma tentativa de acordo entre Biden e Putin a fim de libertar Evan Gershkovich, repórter norte-americano do jornal preso em abril deste ano na Rússia, e Paul Whelan, detido em 2018. Ambos foram presos sob a alegação de espionagem.

**Com informações Carta Capital