
Até o fim de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá incorporar uma nova estratégia de prevenção contra o HIV: o cabotegravir injetável. Aprovado pela Anvisa em junho de 2023, o medicamento oferece proteção por até dois meses com apenas uma aplicação intramuscular, representando um avanço significativo na profilaxia pré-exposição (PrEP).
Produzido pela GSK/ViiV Healthcare, o cabotegravir será disponibilizado tanto na rede pública quanto na privada. Segundo a farmacêutica, as negociações com o Ministério da Saúde estão em andamento e a expectativa é que o imunizante chegue ao SUS até o final de 2025. Já na rede privada, o acesso ao medicamento se dará por meio de farmácias, clínicas e consultórios.
Durante uma masterclass em São Paulo, Roberta Correa, diretora da Unidade de HIV da GSK/ViiV Healthcare no Brasil, enfatizou que soluções diferenciadas são fundamentais para lidar com realidades distintas. Com quase duas décadas de atuação na indústria farmacêutica, ela destacou que a adesão ao tratamento é um dos maiores desafios, especialmente entre pessoas com mais de 40 anos. Nesse contexto, o cabotegravir injetável surge como uma alternativa eficaz, principalmente por reduzir a frequência de uso e, consequentemente, os riscos de interrupção.
“A epidemia transforma afetos, relações e até a sexualidade. É por isso que precisamos tratar o tema com sensibilidade”, declarou Roberta.
O médico infectologista Roberto Zajdenverg, gerente médico da GSK, também participou do encontro e apresentou dados sobre o cenário do HIV no Brasil e no Amazonas. Ele ressaltou que, embora a taxa de mortalidade por AIDS tenha diminuído, o número de novos casos ainda é alto, sobretudo entre jovens e grupos vulneráveis. Zajdenverg frisou que o cabotegravir tem o potencial de mudar significativamente o panorama da prevenção.
“Não é uma promessa de erradicação do HIV, mas é um marco que certamente vai impactar positivamente o setor”, afirmou. Segundo ele, a principal queixa dos usuários foi uma dor momentânea no local da aplicação, sem registros relevantes de efeitos colaterais — o que reforça a perspectiva de alta adesão.
No Amazonas, somente em 2023, foram registrados 2.058 casos de HIV, com uma taxa de detecção de 32,3 por 100 mil habitantes. Em Manaus, o índice foi ainda maior: 54,1 por 100 mil. Os dados mostram que 70,7% dos casos envolveram homens, sendo a maioria deles jovens entre 20 e 29 anos. Além disso, 63,2% das notificações ocorreram entre pessoas pretas e pardas, e 53,6% entre homens que fazem sexo com homens.
Estudos clínicos indicam que o cabotegravir injetável possui eficácia superior à da PrEP oral, e apresenta um índice de adesão mais elevado, o que pode contribuir de forma decisiva para a redução de novas infecções no país. A expectativa é que a implementação desse medicamento no SUS fortaleça as metas globais de eliminação do HIV como problema de saúde pública até 2030.
A GSK/ViiV Healthcare afirma estar comprometida com o diálogo junto ao governo federal e outras instituições, visando garantir o acesso ao cabotegravir a todos os que necessitam, como parte do esforço coletivo para um futuro livre do HIV.