
Um surto de Febre de Lassa, doença conhecida popularmente como “febre dos ratos”, tem se espalhado rapidamente pela Nigéria desde o início do ano, infectando mais de 3.700 pessoas e resultando em 122 mortes, conforme dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Nigéria (NCDC).
A transmissão ocorre através do contato com roedores infectados, e a disseminação da doença por dezenas de estados nigerianos levou autoridades de saúde a recomendar que a população reforce as medidas de prevenção e, em alguns casos, permaneça em suas residências.
Na última atualização epidemiológica, referente à semana de 24 a 30 de março, o NCDC reportou 300 novos casos suspeitos e três óbitos. O número total de casos suspeitos em 2025 já alcança 3.779, dos quais 659 foram confirmados laboratorialmente. A taxa de letalidade da doença, que em quadros graves pode provocar sangramentos pela boca, nariz e olhos, é de 18,5%.
Dezoito dos 36 estados nigerianos registraram pelo menos um caso confirmado de Febre de Lassa. A maior concentração de casos (71%) está nos estados de Ondo, Bauchi e Edo. A faixa etária mais afetada são jovens na casa dos 20 anos. Em um alerta específico, profissionais de saúde grávidas, incluindo enfermeiras e médicas, foram orientadas a evitar o trabalho presencial enquanto a circulação do vírus se mantiver elevada.
A Febre de Lassa é causada pelo vírus de Lassa, identificado pela primeira vez em 1969 após a morte de duas enfermeiras missionárias na Nigéria. Recentemente, autoridades de saúde do Reino Unido detectaram um caso da doença em um paciente que viajou da Nigéria para a Inglaterra, embora o risco para a população britânica tenha sido considerado “muito baixo”.
Apesar de a maioria dos infectados se recuperar completamente, a doença pode evoluir para quadros graves em alguns casos. Estima-se que até 80% das infecções sejam assintomáticas, mas o vírus pode causar sintomas como dores de cabeça, fraqueza, tosse, vômito, diarreia, dores musculares e inflamação na garganta. Em casos severos, a Febre de Lassa pode afetar múltiplos órgãos e danificar vasos sanguíneos, levando a hemorragias. Atualmente, não existe vacina para prevenir ou tratar a doença. As autoridades de saúde nigerianas reforçam a importância de medidas de higiene e controle de roedores para conter a propagação do surto.