Partido do ditador Maduro conquista 23 dos 24 governos estaduais em pleito marcado por repressão

No domingo (25), o partido do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, conquistou uma vitória massiva nas eleições legislativas e regionais, em meio a denúncias de repressão, boicote da oposição e detenção de 70 pessoas.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) venceu em 23 dos 24 governos estaduais, perdendo apenas o estado de Cojedes para a oposição. A coalizão governista obteve 82,68% dos votos nas listas nacionais para a Assembleia Nacional, enquanto a apuração por distritos segue em andamento.

A participação oficial foi de pouco mais de 42%, mas líderes opositores contestam esse número e acusam o governo de inflar os dados. Muitos eleitores se abstiveram em protesto contra o que consideram uma eleição fraudulenta.

Entre os 70 detidos, está Juan Pablo Guanipa, aliado de María Corina Machado, acusado de integrar uma “rede terrorista” que pretendia sabotar o pleito. Mais de 400 mil agentes de segurança foram mobilizados nas seções eleitorais.

Maduro celebrou a vitória como “um triunfo da paz e da estabilidade”, e exaltou a força do chavismo. Seu filho, Nicolás Maduro Guerra, encabeçou a lista vencedora em Caracas.

A oposição, por outro lado, denunciou o processo como uma farsa. “Eles roubaram a eleição de 28 de julho e agora repetem a fraude”, disse Candelaria Rojas, de 78 anos, que se recusou a votar. Exilado, Edmundo González Urrutia afirmou que a abstenção foi uma “declaração silenciosa de resistência”.

Em vídeo, María Corina Machado pediu que os militares cumpram sua obrigação constitucional e “ajam em nome do povo”. Já Henrique Capriles, eleito pela lista nacional, defendeu sua participação como estratégia para garantir representação no Parlamento.

A votação também incluiu a eleição de um governador e oito deputados para a região de Essequibo, território disputado entre Venezuela e Guiana. O almirante Neil Villamizar foi declarado governador da área, apesar de a eleição não ter ocorrido diretamente no território, administrado pela Guiana. O presidente guianense Irfaan Ali classificou o movimento como uma “ameaça”.

Maduro respondeu: “Mais cedo ou mais tarde, Irfaan Ali terá de sentar comigo e aceitar a soberania venezuelana sobre Essequibo.”