Padre Kelmon processa Igreja Ortodoxa e cobra indenização de R$ 500 mil

O ex-candidato à Presidência da República, Kelmon Luis da Silva Souza (PTB), conhecido como Padre Kelmon quando disputou as eleições de 2022, está processando a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil por danos morais e pede uma indenização de R$ 500 mil.

O petebista também solicita o direito de resposta devido a uma nota divulgada na época das eleições, em que a instituição afirma que Kelmon não tinha nenhum vínculo com as igrejas de comunhão ortodoxa. Ele se autoproclama sacerdote ortodoxo.

No documento assinado pelo arcebispo Dom Tito Paulo George Hanna, a Sirian se diz preocupada com a apropriação de símbolos religiosos pelo ex-candidato que “se autoapresenta como ‘padre Kelmon’ e ‘sacerdote ortodoxo’”, fazendo uso público de “insígnias próprias de nossa tradição siríaca ortodoxa”.

A informação é do blog de Malu Gaspar, do jornal “O Globo”. A jornalista afirmou que o advogado do político, Diego Maxwell, declarou que Kelmon teve “sua imagem e sua dignidade abalada, tendo sido veiculado de maneira indevida a notícia de que era falso padre”.

Em dezembro do ano passado, o ex-candidato foi desligado da Igreja Ortodoxa do Peru no Brasil por Francisco Ángel Ernesto Móran Vidal, Arcebispo Metropolitano no Peru, e pelo Monsenhor Miguel Phellype Thiago Martins, vigário episcopal no Brasil.

“Decidimos cancelar a Provisão 0025/21 conferida ao Padre Kelmon Luis da Silva. Também informamos que decidimos desencardinar do clero o Pe. Kelmon e também o Pe. Lucas Soares Chagas. Dessa forma, os mesmos ficam proibidos de ministrar os sacramentos e de falar em nome da Igreja Ortodoxa do Peru-Tradição canônica Síro Ortodoxa Malankara Indiana”, diz um trecho do texto.

O texto foi finalizado com um versículo bíblico que reitera o desligamento. “Tudo que ligares na terra será ligado no céu, mas aquilo que desligarem na terra será desligado no céu. (Mateus 16:19)”.

Logo depois, Kelmon anunciou que passou a integrar a também autodenominada Igreja Ortodoxa Grega da América e Exterior, localizada em uma casa na Zona Leste de São Paulo, como “bispo”.

Kelmon foi alçado à cabeça da chapa do PTB após a candidatura do ex-deputado condenado por corrupção Roberto Jefferson (PTB) ter sido negada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Durante a corrida eleitoral, ele demonstrou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, mesmo sendo oponentes, costumavam trocar elogios e concordar em diversos posicionamentos.

Ainda, ele nunca foi reconhecido como sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil. Mesmo assim, na Bahia, Kelmon celebra missas e batismos e ganhou destaque dentro de grupos conservadores por seu discurso contra a esquerda.

O ex-candidato não atua em nenhuma igreja ortodoxa do país, mas fundou e coordena o Movimento Cristão Conservador Latino-Americano, e esteve à frente do Movimento Cristão Conservador do PTB.