Obra póstuma de Dom Phillips expõe ameaças e resistência na floresta

Três anos após o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, chega às livrarias o livro que Phillips escrevia antes de ser morto: Como Salvar a Amazônia. Lançada em 27 de maio, a obra teve apoio da viúva, Alessandra Sampaio, e de um comitê editorial formado pelos jornalistas Andrew Fishman, Tom Hennigan, Jonathan Watts, David Davies e pela agente literária Rebecca Carter.

A obra mescla relatos de viagem, reportagens investigativas e reflexões sobre os principais desafios da Amazônia e de seus povos. Phillips aprofunda temas como o avanço do agronegócio, o desmonte das políticas ambientais, os ataques aos direitos indígenas e a resistência de comunidades ribeirinhas. Para ele, a floresta carrega em si mesma as respostas para sua preservação.

A primeira parte narra uma expedição ao Vale do Javari com Bruno Pereira — região onde ambos seriam assassinados semanas depois. O texto já começa sob forte tensão, com Phillips detalhando os perigos da selva: cobras, onças, sucuris, vespas gigantes e, acima de tudo, a presença de garimpeiros, madeireiros ilegais, narcotraficantes e pescadores armados. É nesse cenário hostil e isolado, lar do maior número de povos indígenas isolados do mundo, que se revela sua paixão pela floresta.

Com 384 páginas, o livro inclui fotos pessoais — da infância ao casamento, além de registros de suas viagens à Amazônia. A obra também conta com contribuições de Eliane Brum, Beto Marubo, Jon Lee Anderson, Tom Phillips e Andrew Fishman.

Julgamento dos assassinos

Phillips e Pereira foram mortos em 5 de junho de 2022 durante a expedição. Segundo a Polícia Federal, eles foram executados com armas de caça a mando de Rubens Villar, o “Colômbia”. Três homens foram denunciados: Amarildo da Costa de Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira. Amarildo e Jefferson irão a júri popular; o caso de Oseney ainda aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça.