“Não vamos baixar a guarda”, diz Haddad sobre tarifas de Donald Trump

Durante a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”, realizada nesta terça-feira (5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é preciso “otimismo” diante das atuais tensões geopolíticas, especialmente em relação ao aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil.

Segundo Haddad, as exportações brasileiras para os EUA, atualmente presididos por Donald Trump, já representaram 25% das vendas externas do país, mas hoje respondem por 12%. Deste total, 4% serão diretamente afetados pelas novas tarifas. “Desses 12%, 4% são afetados pelo tarifaço, e dos 4%, mais de 2% terá, naturalmente, outra destinação, porque são commodities com preço internacional que vão encontrar o seu destino no curto ou médio prazo”, explicou o ministro.

Apesar do impacto relativamente pequeno no volume total das exportações, Haddad alertou para os efeitos sobre setores sensíveis da economia brasileira. “Nós estamos atentos, porque não é porque 2%, 1,5% das exportações serão afetadas que nós vamos baixar a guarda. Porque nós sabemos que, nesse 1,5%, estão setores muito vulneráveis, setores que geram muito emprego, como a fruticultura, setores que exigem da nossa parte uma atenção especial que vai ser dada”, declarou.

O ministro também afirmou que o governo Lula está preparado para responder à medida. “O presidente dispõe dos instrumentos necessários, que vão ser utilizados para socorrer essas famílias prejudicadas por uma agressão que já foi chamada de injusta, de indevida, de não condizente com os 200 anos de relação fraterna que nos liga ao povo dos EUA”, disse.

Haddad aproveitou a ocasião para destacar a política externa adotada por Lula desde seu primeiro mandato. “Graças à política que o presidente Lula inaugurou ainda em 2003 de abrir os mercados para os produtos brasileiros, elas representam 12%”, pontuou, referindo-se à atual fatia das exportações destinadas ao mercado americano.

Por fim, o ministro ressaltou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal, sem penalizar as camadas mais pobres da população. “Nós estamos, sim, evoluindo nas contas públicas depois de muitos anos de déficit primário crônico, na casa de 2% do PIB. Mas lembrando algo que é caro para a primeira-dama Janja e ao presidente Lula, que nós não estamos fazendo ajuste fiscal no lombo dos mais pobres e no lombo do trabalhador”, concluiu.