A média de mortes entre os infectados que precisam de ventilação mecânica no Brasil é alta. De fevereiro a dezembro de 2020 cerca de 80% de pacientes foram intubados. De cada 10 pacientes intubados, 8 morreram ao longo do primeiro ano de pandemia morreram.
Na região Norte, a mortalidade de pacientes intubados sobe para 86,7% e, no Nordeste, para 83,7%. Enquanto no Centro-Oeste, o percentual também é acima da média (83,6%) e no Sul e Sudeste, a taxa fica em 76,8%.
Segundo o pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Otavio Ranzani, que também é um dos autores do estudo, o percentual brasileiro é maior que a média mundial, de cerca de 50%, conforme estudo que analisou dados de 69 países, publicado noAmerican Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.
Médicos de UTIs ouvidos pela pesquisa alertam para o provável aumento da taxa de mortalidade entre pacientes intubados em todas as regiões do país, no pior momento da pandemia no Brasil.
Isso porque, a superlotação de hospitais de Norte a Sul está levando à demora na intubação de pacientes graves, agravando o quadro deles. E profissionais de saúde sem experiência em ventilação mecânica estão sendo alocados para UTIs improvisadas.
“O problema é você ter um paciente muito grave, com comprometimento de vários órgãos, e você tratar ele numa situação de sobrecarga, de improviso, com equipes mal treinadas contribui com números ainda mais preocupantes”, alerta o médico intensivista Ederlon Rezende, que coordena a UTI do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo.