Nesta terça-feira (5), a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou desconforto interno na Corte. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, ministros do STF consideraram a medida excessiva, juridicamente frágil e desnecessária.
A crítica à decisão atinge inclusive integrantes da Primeira Turma, que julgará o caso, além de membros de outras turmas do Tribunal. Apesar das divergências, interlocutores afirmam que Moraes raramente recua, mesmo diante de apelos de colegas. Caso não volte atrás, a própria Primeira Turma poderá reverter a prisão, embora o cenário seja difícil.
A ordem de prisão foi motivada pela fala de Bolsonaro, transmitida por viva-voz pelo senador Flávio Bolsonaro durante manifestação em Copacabana, no último domingo (3). No áudio, o ex-presidente afirmou:
— Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos.
Para ministros da Corte, a mensagem não justificaria uma prisão, já que o próprio Moraes havia autorizado previamente a participação de Bolsonaro em atos públicos. A contradição, apontam, pode prejudicar a imagem do STF num momento de intensa observação internacional, principalmente por parte dos Estados Unidos.
