Militares matam mais de 80 pessoas em atos pró-democracia em Myanmar

No dia mais sangrento dos protestos pró-democracia em Myanmar, as forças de segurança que tomaram o poder no país mataram, ao menos, 80 pessoas, informa o portal “Myanmar Now” neste sábado (27).

Os números são difíceis de confirmar por conta da repressão também ao trabalho dos jornalistas, mas o site afirma que os dados foram repassados por hospitais consultados em 35 cidades.   

Algumas organizações chegam a falar em 90 vítimas. Entre os mortos neste sábado, estão duas crianças, uma de 5 e outra de 13 anos, também conforme o portal. 

Com isso, desde que as manifestações começaram, no início de fevereiro, já são mais de 400 mortos por policiais e forças de segurança em diversas cidades do país.   

O sábado foi marcado pela “celebração” do Dia das Forças Armadas e contou com uma grande parada em Nay Pyi Daw, onde o líder do golpe de Estado, Min Aung Hlaing, fez um discurso prometendo a convocação de novas eleições – mas sem data definida.   

Por conta da “festa” dos militares, as organizações pró-democracia convocaram para a mesma data grandes protestos. A ordem pública de Hlaing era de que os militares estavam autorizados a “atirar na cabeça e nas costas” dos civis.   

A embaixada dos Estados Unidos em Myanmar emitiu uma nota condenando o Exército pela morte de “civis desarmados” na repressão dos protestos pró-democracia. “As forças de segurança estão matando civis desarmados, incluindo crianças, justamente as pessoas que eles juraram defender”, acrescentam ainda os norte-americanos.   

O golpe de Estado aplicado pelos militares ocorreu no dia 1º de fevereiro, dia em que os parlamentares eleitos em 8 de dezembro iriam tomar posse. Naquele dia, foram presos a líder “de facto” do país, Aung San Suu Kyi, e o presidente, Win Myint, além de diversos representantes políticos.   

As Forças Armadas justificaram o golpe por uma suposta “fraude eleitoral” na vitória avassaladora do partido de Suu Kyi, o Liga Nacional para a Democracia (NLD), que teve mais de 70% dos votos. No entanto, tanto a Nobel da Paz de 1991 como o presidente estão sendo acusados de crimes que nada tem a ver com o processo eleitoral. 

As eleições de dezembro marcavam o segundo pleito livre desde 2015, que também foi vencido pelo NLD. Antes desse ano, os cidadãos ficaram 25 anos sem uma democracia real, vivendo em um regime militar. (ANSA). 

Do Veja