Mesmo após empurrar cadáver pelas ruas de Manaus, filho foi liberado pela polícia

Um dos casos mais absurdos e revoltantes dos últimos tempos chocou moradores do Centro de Manaus no sábado (7): Rômulo Alves da Costa, 42 anos, foi visto empurrando pelas ruas o corpo do próprio pai, José Pequenino da Costa, 77, já morto, em uma cadeira de rodas. Mesmo diante da cena bizarra e do estado de rigidez cadavérica do idoso, o filho foi liberado após prestar depoimento na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Segundo ele, a intenção era levar o pai a uma agência bancária para tentar um empréstimo, com a justificativa de comprar produtos de higiene e alimentação. Rômulo alegou não ter percebido que o pai havia falecido durante o percurso.

A justificativa, no entanto, é contrariada por técnicos do Departamento de Perícia Técnico-Científica (DPTC), que constataram que o idoso já apresentava sinais claros de morte há várias horas. A perícia indicou enrijecimento cadavérico, o que confirma que José já estava morto antes de sair de casa.

A DEHS investiga as circunstâncias do caso e avalia as hipóteses de vilipêndio de cadáver, tentativa de estelionato e até homicídio, caso fique provado que houve intenção criminosa. O delegado Adanor Porto informou que o inquérito será instaurado e aguarda o laudo oficial do Instituto Médico-Legal (IML), que deve ficar pronto em até 30 dias.

“Se o laudo indicar que ele já estava morto há muito tempo, e o filho o retirou de casa mesmo assim para tentar fazer o empréstimo, pode configurar vilipêndio de cadáver e estelionato. A possibilidade de homicídio também não está descartada”, disse o delegado.

O caso expõe não só a gravidade do possível crime, mas também a falta de resposta imediata diante de uma situação grotesca e alarmante no coração da capital amazonense.