Maduro reage a navios americanos e cobra garantias contra uso de armas nucleares na região

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesta quarta-feira (27) os Estados Unidos de violarem o Tratado de Tlatelolco de 1967, que estabeleceu a América Latina e o Caribe como zonas livres de armas nucleares. A denúncia ocorreu após Caracas afirmar que Washington enviou um submarino nuclear para águas próximas ao país.

Em discurso no Palácio de Miraflores, transmitido pela TV estatal, Maduro classificou a ação como uma ameaça inédita na região. “Nunca nenhum país latino-americano foi intimidado com um submarino nuclear”, declarou. O mandatário exigiu a retirada imediata do USS Newport News e cobrou garantias dos EUA de que não usarão nem ameaçarão usar armamento nuclear no continente.

Na véspera, a missão venezuelana na ONU já havia alertado para o envio de um cruzador lançador de mísseis, do submarino nuclear e de outros navios de guerra norte-americanos ao Caribe, em meio ao que classificou como “ações hostis” do governo Donald Trump. Segundo Caracas, isso representa “grave ameaça à paz e à segurança regionais”.

Apesar da acusação, o USS Newport News não é projetado para carregar ogivas nucleares. Ainda assim, a Venezuela pediu à Opanal (Organização para a Proibição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe) a convocação de consultas urgentes sobre o caso e apelou aos países da ONU para reforçarem o caráter desnuclearizado da região.

Paralelamente, Maduro anunciou o envio de embarcações de maior porte ao Caribe, com o argumento de combater o narcotráfico. A medida ocorre após os EUA afirmarem que estão prontos para usar seu poder militar para conter o fluxo de drogas rumo ao território americano. Washington, por sua vez, elevou recentemente para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, acusado de envolvimento com o tráfico internacional de drogas.