Lula ataca Bolsonaro e diz que ex-presidente usa Pix de apoiadores para bancar “vagabundagem”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (27), durante evento de entrega de títulos de regularização fundiária no Tocantins. Lula criticou programas do governo anterior, como a Casa Verde e Amarela e a Carteira de Trabalho Verde e Amarela, e acusou Bolsonaro de viver de doações via Pix para fazer “vagabundagem”.

No início do discurso, como tem sido comum em suas últimas agendas, Lula reclamou da duração do evento. Em tom populista, declarou que não é “o presidente dos pobres” ou “das mulheres”, mas sim “vocês na Presidência da República”, apesar da crescente impopularidade de seu governo.

O petista questionou o papel da União na posse de imóveis e terrenos:
— Não vejo sentido na União ficar com prédios e terrenos, quando é fácil que eles fiquem com o povo.

Lula classificou a entrega dos títulos como um “gesto de civilidade” e afirmou que o Brasil perdeu essa característica nos últimos anos:
— Tivemos um presidente que mentiu por quatro anos. Desafio qualquer um, até quem votou nele, a mostrar uma casa, uma estrada ou uma escola feita por ele.

Segundo o presidente, Bolsonaro teria usado R$ 300 bilhões em medidas eleitoreiras em 2022 para tentar se reeleger. Lula também ironizou os programas com nomes “coloridos” do governo anterior:
— Cadê a Casa Verde e Amarela? Cadê a Carteira Verde e Amarela? O trabalhador não quer saber da cor, quer trabalho.

Em um discurso mais flexível sobre formas de ocupação no mercado, Lula afirmou que muitos brasileiros não querem vínculo empregatício formal:
— Tem gente que prefere trabalhar por conta própria, ser empreendedor. O que o governo vai fazer? Apoiar. Quem quiser carteira assinada, terá. Quem quiser empreender, terá crédito.

Lula também tentou se aproximar do agronegócio, setor que em grande parte rejeita seu governo. Prometeu crédito ao setor rural, independentemente de posições políticas:
— Não me interessa se o fazendeiro faz Pix para o Bolsonaro. Quero saber se ele está produzindo para o país. Se estiver, terá crédito. Devemos muito à agricultura brasileira.

Por fim, anunciou o que seria, segundo ele, o “terceiro maior Plano Safra da história”, afirmando ter batido recordes em 2023 e 2024, e prevendo novo recorde em 2025.

Apesar das promessas, o governo Lula enfrenta uma grave crise fiscal. Tentativas de aumentar o IOF e buscar novas fontes de arrecadação evidenciam a dificuldade em cumprir a meta fiscal definida pela própria equipe econômica.