
O Supremo Tribunal Federal (STF) atravessa um momento delicado internamente. O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, tem manifestado frustração diante da crescente divisão entre os colegas e já considera a possibilidade de deixar o STF assim que encerrar seu mandato à frente do Tribunal. A informação foi divulgada pelo site Poder360 nesta quarta-feira (6).
Segundo o veículo, publicamente Barroso evita confrontos e tenta preservar a imagem da Corte, mas, nos bastidores, aliados apontam um sentimento de impotência diante do cenário de polarização que se instalou no STF. “Quem conversa com o presidente do Supremo percebe que ele pode antecipar sua saída do Tribunal após o término do cargo, no final de setembro”, destacou a publicação.
Se a saída se concretizar, Barroso anteciparia em cerca de sete anos e meio sua aposentadoria compulsória, prevista apenas para março de 2033. Entre os 11 ministros, ele é o que mantém mais vínculos com os Estados Unidos — país onde possui imóveis em Miami e realiza temporadas acadêmicas em Harvard — o que o tornaria mais vulnerável a possíveis sanções do ex-presidente americano Donald Trump.
Caso Barroso deixe a Corte antes do previsto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá a oportunidade de indicar um novo ministro. No atual mandato, Lula já nomeou Cristiano Zanin e Flávio Dino. Para a possível terceira indicação, nomes como Bruno Dantas (ministro do TCU), Jorge Messias (advogado-geral da União), Rodrigo Pacheco (senador pelo PSD-MG) e Vinicius Carvalho (ministro da CGU) estão entre os cotados.
Desconforto com Moraes
Nos bastidores, o site também revelou que pelo menos cinco ministros manifestaram desconforto em relação à condução dos processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão mais recente, que determinou prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica para Bolsonaro, teria gerado novo atrito, sendo considerada por muitos como precipitada.
Outro ponto de tensão crescente é o receio de que integrantes do STF sejam alvo de sanções internacionais, especialmente pela Lei Magnitsky dos Estados Unidos, que permite o bloqueio de bens e restrições de circulação para aqueles acusados de violar direitos humanos ou adotar práticas antidemocráticas.