Líder do PT, Lindbergh Farias, pede prisão de Bolsonaro após fala sobre tornozeleira eletrônica

Líder da bancada do PT na Câmara, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) entrou com um pedido de prisão preventiva contra Jair Bolsonaro (PL). Ao Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar alega que ex-presidente teve um discurso transmitido nas redes sociais durante ida à Câmara, nesta segunda-feira (21).

No documento, Lindbergh afirma ao STF que a medida cautelar imposta pelo Supremo “foi flagrantemente desrespeitada”. Segundo o parlamentar, “o uso de intermediários ou a retransmissão por terceiros não descaracteriza a autoria comunicacional, sobretudo quando há intenção deliberada de contornar a decisão judicial”. “Ele vai continuar a ação de obstruir a Justiça cotidianamente”, acrescentou.

“A petição sustenta que o ex-presidente atua em um golpe continuado, agora em fase internacional, articulando do exterior com o filho Eduardo Bolsonaro uma campanha por sanções estrangeiras contra o Brasil. O documento afirma que o ex-mandatário financia a permanência do filho nos Estados Unidos para pressionar instituições brasileiras, especialmente o STF, o que culminou no recente ‘tarifaço de Trump’, com aumento de 50% nas tarifas de exportação brasileiras”, afirmou.

Na última sexta-feira (18), Bolsonaro foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais, entre outras medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes. Nesta segunda, Moraes reforçou a decisão e proibiu que entrevistas com o ex-presidente fossem veiculadas nas redes.

O ex-chefe do Executivo esteve no Congresso para uma reunião com a bancada do PL. Não participou da entrevista coletiva junto aos membros do partido pela proibição da utilização de redes sociais, “diretamente ou por intermédio de terceiros”.

Ao deixar a sede do Legislativo, porém, Bolsonaro mostrou sua tornozeleira eletrônica, afirmando ser inocente e sofrer uma “máxima humilhação”.

Após a declaração, Moraes deu prazo de 24h para a defesa do ex-presidente se manifestar sobre o descumprimento das medidas cautelares determinadas contra o ex-chefe do Executivo.

As medidas cautelares a Bolsonaro foram impostas diante de indícios reunidos pela Polícia Federal (PF) que apontam crimes de coação, obstrução e atentado à soberania nacional.
Ele e seu filho Eduardo são investigados por suspeita de atuação para prejudicar o processo que tramita no STF sobre tentativa de golpe. Uma das provas apresentadas pela PF para pedir abertura de apuração foi a atuação de Eduardo nos Estados Unidos junto ao governo de Donald Trump.
Além da tornozeleira, Bolsonaro está proibido de deixar a comarca do Distrito Federal, deve ficar em recolhimento domiciliar entre as 19h e às 6h, e integralmente nos finais de semana. Ele também não pode acessar as redes sociais ou se comunicar com seu filho Eduardo ou embaixadores e diplomatas de outros países, nem com outros réus e investigados pelo STF.