Juventude amazônica toma frente na preservação da floresta

Imagine ser uma mulher de 18 anos e assumir a liderança de uma associação que representa 32 famílias, com a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho de um dos maiores ativistas socioambientais do Brasil. Foi esse o desafio enfrentado pela seringueira Raiara Barros, que em 2023 se tornou a primeira mulher presidente da Associação de Produtores e Produtoras Agroextrativistas do Seringal Floresta e Adjacências, no Acre. Sua missão: honrar o legado do pai, Raimundo Mendes de Barros, e do primo, Chico Mendes.

“Desde criança, via meu pai envolvido com as atividades e com os companheiros, e fui me apaixonando pela causa. Sabia que um dos filhos seria o responsável por continuar esse trabalho”, conta Raiara, hoje com 20 anos. Apesar dos preconceitos e da desconfiança de alguns, ela já alcançou vitórias significativas. Quando assumiu a associação, ela encontrou a instituição paralisada há seis anos e, após resolver burocracias e quitar dívidas, conseguiu retomar os projetos. Hoje, além de atender à comunidade local, criou espaços como o Ateliê da Floresta e a cozinha comunitária, que geram emprego e renda.

Raiara também atua como secretária de Juventude no município de Xapuri e na coordenação do Engajamundo, uma associação voltada para enfrentar problemas ambientais e sociais. Apesar de momentos de sobrecarga, ela afirma que sua força vem do legado familiar e da necessidade de lutar pela sua comunidade. “A carta de Chico Mendes, ‘Atenção, jovem do futuro’, me chama para a luta”, diz.

Entre os maiores desafios enfrentados pela comunidade estão as mudanças climáticas, que afetaram fontes de água e o ciclo de plantio e colheita. Raiara lamenta a força do agronegócio na região, que influencia a mentalidade da juventude e compromete a conservação da floresta. Contudo, ela mantém a esperança de que, um dia, todos compreendam a importância da defesa da Amazônia.

A juventude indígena também desempenha papel crucial na luta pela preservação ambiental. Lídia Guajajara, de 27 anos, é uma ativista, comunicadora e coordenadora de juventude no Ministério dos Povos Indígenas. Ela busca criar políticas públicas para os indígenas, focando no diálogo dentro dos territórios. A jovem acredita que a juventude tem o poder de mudar a realidade e defende a preservação da Amazônia como um direito de todos.

O movimento “Amazônia de Pé”, criado em 2022, reforça o lema “Somos a última geração que pode salvar a Amazônia”. Com mais de 50 organizações parceiras, o movimento busca pressionar o Congresso Nacional para criar leis que protejam as florestas públicas e os povos tradicionais. Karina Penha, bióloga e uma das idealizadoras do movimento, acredita que é essencial mobilizar a sociedade sobre os impactos das mudanças climáticas. Ela também vê na COP30, que ocorrerá em Belém em 2025, uma oportunidade única para engajar ainda mais pessoas na causa.

Todos esses ativistas compartilham um compromisso comum: garantir um futuro para a Amazônia e seus povos. A luta é urgente, e eles estão determinados a continuar buscando soluções dentro das possibilidades de suas comunidades.