Irã executa mais três homens por participação em protestos

O Irã já executou, desde dezembro, sete pessoas acusadas de envolvimento nas manifestações que agitaram o país no ano passado, contra as ações repressivas do regime. Mais três homens foram executados pelo envolvimento na morte de três integrantes das forças de segurança em ataque que ocorreu em novembro na cidade de Isfahan.

A repressão de Teerã às manifestações em todo o país, em reação contra a morte de Mahsa Amini, uma curda de 22 anos presa pela polícia de costumes por uso indevido do véu islâmico, é contestada por agências de direitos humanos, com a Anistia Internacional, que acusam o regime de ter submetido os acusados a julgamento injusto e não ter posto o uso de tortura para produzir a acusação.

Os três homens – Majid Kazemi de 30 anos, Saleh Mirhashemi, 36, e Saeed Yaqoubi, 37 – foram detidos após os protestos que ocorreram em 16 de novembro, acusados da morte a tiro de um polícial e dois integrantes da unidade paramilitar Basij.

A Anistia acusa as autoridades de terem submetido os três acusados a tortura, para forçar a confissão que embasou o processo judicial que levou à condenação. Majid Kazemi teria sido pendurado pelos pés e obrigado a assistir a um vídeo em que o seu irmão era torturado, sujeito a execuções simuladas e a ameaças de morte contra os irmãos.

Em gravações de áudio da prisão de Dastgerd, onde os três homens estavam detidos, Kazemi deixou várias acusações contra as forças de segurança: “Juro por Deus que sou inocente. Eu não tinha nenhuma arma comigo. Eles [as forças de segurança] continuaram a me bater e a ordenar que dissesse que a arma era minha”.

“Eu acabei por concordar que diria o que quisessem para que deixassem a minha família em paz”, afirmou.

Após julgamento de quatro dias, os três homens seriam condenados à morte em janeiro, sob a acusação de “inimigos de deus”.

O Centro para os Direitos Humanos do Irã, sediado nos Estados Unidos, acusa as autoridades judiciais de terem desenvolvido um processo em que negaram a possibilidade de preparar defesa adequada, concluindo numa condenação fundada em confissões forçadas.

A acusação estava “cheia de irregularidades que revelam que esse foi um caso com motivações políticas, conclui a organização.

“O uso da pena de morte contra esses homens é um flagrante ato de vingança contra uma geração corajosa de manifestantes que vem exigindo, de forma firme, os direitos do povo iraniano durante os últimos sete meses”, declarou em comunicado Diana Eltahawy, vice-diretora da Anistia no Oriente Médio.

Fonte: Agência Brasil