
A estrutura de proteção política que “protegia” Dulce Almeida, irmã do prefeito de Manaus, David Almeida, começa a desmoronar diante de uma série de investigações conduzidas pelo Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).
As apurações revelam possíveis desvios de verbas públicas, favorecimentos ilegais e indícios de corrupção durante sua gestão na Secretaria Municipal de Educação (SEMED).
Por anos, ela ocupou uma posição estratégica na administração, blindada pelo prestígio familiar. Agora, auditorias apontam o uso irregular de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para cobrir despesas do Fundo de Saúde dos Servidores (Funserv), uma prática vedada pela legislação federal e que compromete o financiamento da educação básica.
Além disso, ela é alvo da “Operação Entulho”, que apura o pagamento de propinas em contratos com as empresas Tumpex e Soma, responsáveis pela coleta de lixo na capital. Documentos obtidos por agentes federais somados a depoimentos de testemunhas, indicam que Dulce Almeida teria recebido até R$ 100 mil em valores indevidos para manter os contratos ativos.
Apesar da gravidade das denúncias, o prefeito David Almeida segue em silêncio. A Câmara Municipal evita qualquer movimentação para instaurar uma CPI, enquanto sua base aliada aparenta ignorar o avanço da crise.
Caso as irregularidades sejam confirmadas, Dulce poderá responder nas esferas administrativa, civil e criminal. Já David Almeida, diretamente ligado à aprovação dos contratos sob investigação, poderá ver seu mandato ameaçado por envolvimento indireto nas irregularidades.
O escândalo joga luz sobre o esgotamento da estrutura de poder familiar instalada na Prefeitura de Manaus. A blindagem que por tanto tempo garantiu proteção aos envolvidos dá sinais de fragilidade diante do cerco jurídico e político em expansão.