
O influenciador paraibano Hytalo Santos e o marido dele, Israel Nata Vicente, foram presos nesta sexta-feira (15) em uma residência em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Hytalo é alvo de investigações conduzidas pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por suposta exploração e exposição de menores de idade em conteúdos publicados nas redes sociais.
As denúncias ganharam notoriedade após o youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, publicar um vídeo citando casos de “adultização” de crianças e adolescentes. O vídeo, que já soma milhões de visualizações, provocou repercussão nacional e levou parlamentares a discutir novas regras para proteção de jovens na internet.
Desde 6 de agosto, quando Felca divulgou o conteúdo, Hytalo passou a ser alvo de medidas judiciais na Paraíba, entre elas uma ação civil pública do MPPB e mandados de busca e apreensão. Natural de João Pessoa, ele é investigado em dois processos do Ministério Público estadual, nas cidades de João Pessoa e Bayeux, além de um inquérito do MPT.
A GloboNews revelou que, dois dias antes da prisão, a Justiça da Paraíba havia autorizado buscas no endereço do influenciador. Na decisão liminar, o juiz Adhailton Lacet Correia Porto, da 1ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, determinou a apreensão de celulares, computadores e outros equipamentos usados para gravações.
As buscas ocorreram poucas horas depois, mas Hytalo não estava na casa. Segundo o magistrado, a administração do condomínio informou que “ele saiu com bastantes equipamentos” em um carro antes da chegada da polícia. A residência foi encontrada vazia, mas com a máquina de lavar ligada.
O juiz afirmou que um mandado de prisão poderia ser expedido caso fosse comprovada tentativa de obstrução das investigações. Em nota enviada à CNN, Hytalo negou a acusação:
“Esclareço que jamais me ocultei ou obstruí investigações. Estou em viagem a São Paulo há mais de um mês e permaneço, desde o início, à disposição das autoridades para todo e qualquer esclarecimento, confiando que a verdade prevalecerá sobre qualquer tentativa de distorção.”
Na mesma manifestação, ele declarou que “sempre agiu dentro da lei” e rejeitou as acusações de exploração de menores. Segundo o influenciador, todo conteúdo com participação de adolescentes foi produzido com autorização e acompanhamento dos responsáveis:
“Repudio categoricamente qualquer acusação de exploração de menores. Minha trajetória pessoal e profissional sempre foi guiada pelo compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes. Reafirmo minha integridade e indignação diante de falsas acusações. Não aceitarei que minha imagem e meu trabalho sejam manchados por narrativas infundadas, e seguirei defendendo, com firmeza, a verdade e os valores que sempre nortearam minha vida.”
Na decisão desta quarta-feira (14), o juiz também ordenou a suspensão imediata de todos os perfis e contas de Hytalo em plataformas como Instagram, Facebook, TikTok e YouTube, além da remoção de conteúdos que exibam crianças e adolescentes.
“A análise dos fatos narrados e das provas anexadas […] revela a presença de indícios contundentes de violações graves aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. A situação apresentada demonstra a exploração de suas imagens para fins de monetização, exposição a conteúdos inadequados e a um ambiente de vulnerabilidade, bem como a possível prática de ilícitos penais, como a incitação à pornografia infantil e o fornecimento de bebida alcoólica”, afirmou Adhailton Lacet.
O magistrado reforçou necessário “fazer cessar a situação de risco e de vulnerabilidade a que os adolescentes estão submetidos” e classificou como “inaceitável que a busca por engajamento e lucro se sobreponha à dignidade e integridade física, psíquica e moral” de menores.
Em outra ação, o MPPB obteve liminar determinando a suspensão da monetização dos conteúdos de Hytalo, o afastamento imediato dos adolescentes que viviam com ele e a proibição de qualquer contato entre o influenciador e os jovens.