
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quarta-feira (27) que o Estado brasileiro é “muito pesado” para o trabalhador, enquanto é “muito leve” para a elite que menos contribui. Segundo ele, se o objetivo é aliviar os impostos sobre o consumo e a renda do trabalhador, “esse pessoal que não colaborava vai ter que começar a colaborar”. A declaração foi feita durante entrevista ao portal UOL.
Haddad comentou ainda a discussão no Congresso sobre a possibilidade de a oposição e partidos de centro retirarem a questão da compensação da reforma da renda, o que, segundo ele, poderia gerar uma “bomba fiscal”. “Nós fizemos dois compromissos que eu espero que sejam honrados”, disse, referindo-se à neutralidade fiscal da reforma sobre o consumo e à necessidade de compensação.
O ministro explicou que a proposta da Fazenda prevê que quem ganha mais de R$ 1 milhão por ano pague o mínimo de 10% de Imposto de Renda, atingindo cerca de 141 mil pessoas que atualmente não contribuem sobre seus rendimentos. Haddad acrescentou que os benefícios fiscais, ou “gastos tributários”, devem passar de R$ 620 bilhões no próximo ano. “Aí a gente está falando de mimos, afagos, isenções, regimes especiais para contribuintes, grupos empresariais”, declarou.
“Nós fizemos um entendimento com os líderes de que a reforma da renda, a isenção, tinha que ter compensação. Para que, do ponto de vista fiscal, ela fosse neutra. Eu creio, e tenho ouvido declarações do presidente Hugo Motta, de que esse compromisso vai ser honrado”, afirmou Haddad.
O ministro detalhou que a alíquota mínima de 10% se equipara à de trabalhadores que ganham entre R$ 5 mil e R$ 6 mil, enquanto quem recebe acima dessa faixa pode chegar a 27%. “Estamos propondo que quem ganha mais de um milhão por ano pague o imposto de renda de quem ganha 5, 6 mil reais. Isso aqui é o mínimo que tem que ser feito”, disse.
Haddad afirmou que a prioridade do governo até o fim de 2025 é aprovar a reforma do Imposto de Renda e um corte linear de 10% nos benefícios fiscais, que somam R$ 620 bilhões previstos para 2026.