
O Ministério da Saúde anunciou na manhã desta sexta-feira (7), em reunião conjunta com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a aplicação exclusiva da versão inativada da vacina contra poliomielite a partir do segundo semestre de 2024.
Conforme a Folha antecipou, a pasta vai encerrar a aplicação da vacina poliomielite oral (VOP), a famosa “gotinha”, e substituí-la pela vacina inativada poliomielite (VIP), que é injetável e considerada mais segura.
A mudança, entretanto, não vai retirar das campanhas de vacinação a imagem do Zé Gotinha.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE AS VACINAS?
A VOP é composta pelos vírus da pólio vivo e enfraquecido. Sua presença no organismo leva à produção de anticorpos e depois ele é eliminado nas fezes.
Pode ocorrer, no entanto, uma situação rara. Após ser eliminado, o vírus pode sofrer uma mutação no ambiente e tornar-se capaz de adoecer quem não está vacinado.
Já a vacina injetável, conhecida como Salk devido ao nome de seu criador, o médico americano Jonas Salk, é produzida com o vírus inativado e não tem como causar a doença.
O REFORÇO COM A GOTINHA É SEGURO?
Sim. Segundo o Ministério, de 764 milhões de doses de VOP aplicadas em crianças de todo país entre 1989 e 2012, ocorreram apenas 50 casos de pólio vacinal.
Além disso, desde 2016, o esquema vacinal das crianças com menos de cinco anos consiste em três doses da vacina de vírus inativado aos dois, quatro e seis meses, com reforço com a gotinha aos 15 meses e aos quatro anos. Com a introdução dessa sequência VIP/VOP, não ocorreram mais casos de pólio vacinal no país.
ENTÃO POR QUE TROCAR?
Segundo Antônio Flávio Vitarelli Meirelles, diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), a medida tem grande importância para pessoas com imunodeficiência severa, zerando qualquer risco de desenvolvimento de paralisia flácida aguda atribuível à VOP.
R$ 150 MILHÕES PARA VACINAÇÃO
Além da substituição do imunizante contra pólio, o Ministério anunciou durante a reunião um repasse de R$ 150 milhões a estados e municípios para que estes identifiquem quais são seus principais gargalos na vacinação.
De acordo com Éder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), o objetivo é que a verba seja aplicada em mapeamentos locais que gerem dados para nortear o planejamento das campanhas de multivacinação em cada estado.
Os recursos serão disponibilizados em duas parcelas: 60% antes do planejamento e 40% após a execução dos planos de ação.
Entre as medidas recomendadas pelo ministério para aplicação local estão campanhas de comunicação específicas, com personalidades reconhecidas e admiradas em cada região, busca ativa de pacientes e postos de vacinação com horários diferenciados.
A expectativa é de que as medidas sejam adotadas a partir de julho, com um cronograma específico:
Estado – Período da multivacinação
Amapá – 15 a 30 de julho
Roraima- 12 a 26 de agosto
Maranhão- 12 a 26 de agosto
Pará- 12 a 26 de agosto
Rio de Janeiro – 26 de agosto a 9 de setembro
Espírito Santo – 26 de agosto a 9 de setembro
Distrito Federal – 26 de agosto a 9 de setembro
São Paulo – 30 de setembro a 14 de outubro
Mato Grosso – 9 a 23 de setembro
Mato Grosso do Sul – 9 a 23 de setembro
Rondônia – 9 a 23 de setembro
Paraná – 14 a 28 de outubro
Santa Catarina – 14 a 28 de outubro
Rio Grande do Sul – 14 a 28 de outubro
Alagoas- 23 de setembro a 7 de outubro
Piauí – 23 de setembro a 7 de outubro
Ceará- 23 de setembro a 7 de outubro
Paraíba -23 de setembro a 7 de outubro
Goiás – 30 de setembro a 14 de outubro
Tocantins – 30 de setembro a 14 de outubro
Bahia – 7 a 21 de outubro
Pernambuco – 7 a 21 de outubro
Sergipe – 7 a 21 de outubro
Minas Gerais – 21 de outubro a 4 de novembro