Exames e soro marcam greve de fome de Glauber Braga contra ameaça de cassação

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) ultrapassou, nesta sexta-feira (11), 60 horas em greve de fome. O protesto é uma reação à recomendação do Conselho de Ética da Câmara para a cassação de seu mandato, após ter expulsado a empurrões um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que o agrediu verbalmente nos corredores da Casa.

Para monitorar sua saúde, Glauber fez exames de sangue e consumiu meio litro de soro. Desde o início da greve, perdeu quase dois quilos, conforme comunicado divulgado. “Não vou voltar atrás em nenhuma das minhas decisões. Minha greve de fome é minha resposta. Sei que muitos estão preocupados, mas estou bem”, afirmou.

No início do protesto, Glauber passou a noite no chão da sala onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética. Ele é acompanhado por uma equipe médica, que recomendou o consumo de isotônico e água para evitar desidratação. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), sua esposa, tem ficado com ele durante o dia e retornado à noite para cuidar de seu filho de três anos, que também esteve com o pai na quinta-feira. Não há previsão para o fim da greve de fome.

A Câmara informou que acompanhará e assistirá Glauber durante o fim de semana, como ocorreu nos últimos dias. No entanto, seus aliados e familiares criticam a falta de apoio de outros líderes.

O parecer que sugere a cassação foi elaborado por Paulo Magalhães (PSD-BA) e aprovado por 13 membros do Conselho de Ética. A ação foi solicitada pelo partido Novo. Embora o caso tenha surgido das agressões ao militante Gabriel Costenaro, o relator também mencionou ataques de Glauber ao presidente da Câmara, Arthur Lira, e outras situações de confrontos verbais.

O parecer destaca que, se Glauber já atacou publicamente líderes como Lira, é provável que trate seus colegas parlamentares de maneira semelhante. A palavra final sobre a cassação será do plenário, após possível recurso à Comissão de Constituição e Justiça. Não há data definida para a votação, que será decidida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).