Um rombo milionário nos cofres da previdência pública, ocorrido no ano de 2013, durante a gestão do ex-prefeito e atual candidato nas eleições municipais 2020 Amazonino Mendes, deixou Manaus na rota da Polícia Federal. Foi a primeira vez na história que a PF combateu essa espécie de crime.
O prejuízo no valor de R$ 33, 2 milhões no Fundo Único de Previdência do município de Manaus (Manausprev), colocou a capital do Amazonas no roteiro da Operação Miquéias, responsável por desarticular organizações criminosas que atuavam com lavagem de dinheiro e má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas em vários estados brasileiros.
A esposa do atual deputado federal Sidney Leite (PSD), Daniele Vasconcelos Corrêa Lima Leite foi o principal alvo da operação na época. Ex-diretora-presidente do Fundo de Previdência dos Servidores Públicos de Manaus (ManausPrev), Daniele foi indiciada pela Polícia Federal, em 19/07/2013, por desvios de recursos, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, apurados no âmbito da Operação Miquéias, no tempo em que esteve à frente do órgão, na gestão do ex-prefeito Amazonino Mendes.
Na época, o juiz Cezar Bandeira, da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal e de Crimes Contra a Ordem Tributária determinou a indisponibilidade de bens no montante de R$ 34.830.306,55 que, segundo o Ministério Público Estadual, autor da Ação Civil por Ato de Improbidade Administrativa, correspondeu ao valor do dano causado ao Manausprev em decorrência de irregularidades cometidas na gestão dos recursos do fundo pela ex-servidora.
Entretanto, segundo fontes dos bastidores da política local, Daniele, não passava de um “laranja”, de Amazonino Mendes que supostamente comandava todas as operações ilegais que ocorriam dentro do órgão.
É de domínio público que o deputado federal Sidney Leite (PSD), é aliado antigo do ex-prefeito, ex-governador e atual candidato à prefeitura de Manaus, Amazonino Mendes. Leite é esposo de Daniele.
Na época em que ocorreu a operação, o deputado Sidney Leite usou a Sessão Plenária, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), para contestar a ação da PF no âmbito da Operação Miquéias, e a publicação de um jornal local sobre o rombo, no valor de R$ 33, 2 milhões no Fundo Único de Previdência do Município de Manaus (Manausprev). Aproveitou o plenário da casa do povo para defender a gestão da esposa à frente do ManausPrev e, o então prefeito Amazonino Mendes, seu fiel aliado.
Segundo a Polícia Federal, na época, o esquema funcionava da seguinte forma, os prefeitos e gestores era remunerados com um porcentual sobre o valor aplicado. A lavagem de dinheiro ocorria por meio das contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas. O dinheiro era creditado nas contas bancárias das empresas investigadas e os valores ilícitos ficavam circulando pelas demais contas ligadas à quadrilha, de onde eram sacados.
Para escapar dos órgãos de fiscalização os criminosos substituíam os laranjas e as empresas envolvidas nos esquemas.
O atual prefeito de Manaus Arthur Neto fez recentemente uma declaração sobre a ManausPrev, onde lembrou que encontrou a Previdência desestabilizada e afundada em aplicações em fundos podres. Afirmou que, durante os oito anos de sua gestão, “caçou como rato” todos os fundos podres, que somavam mais de R$ 240 milhões, e hoje a Previdência tem fundos aplicados em títulos bons da ordem de R$ 1,5 bilhão.
“Em 2013, quando assumi a Prefeitura, havia um déficit de mais de R$ 3 bilhões na Previdência. Hoje, tenho orgulho em dizer que, graças a uma gestão correta e inovadora, nenhum servidor ficará desguarnecido. Entregarei a Previdência da Prefeitura de Manaus com uma carteira de investimentos de quase R$ 1,5 bilhão, aplicado em fundos rentáveis. Servidores, fiquem tranquilos”, afirmou o prefeito em recente entrevista.