Em visita ao Amazonas, representante do MS faz apelo para uso de cloroquina

MANAUS – Em visita a Manaus nesta segunda-feira (4), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, atacou a imprensa e defendeu o uso da cloroquina no tratamento precoce da Covid-19. Ela foi além e fez um apelo aos profissionais da medicina no Amazonas para que eles prescrevam o medicamento para paciente diagnosticados com o coronavírus.

Durante pronunciamento nas redes sociais ao lado do governador Wilson Lima (PSC), a representante do MS, sem citar diretamente veículos da mídia específicos ou o nome do medicamento anti-malárico, fez uma defesa da tese pregada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) da eficácia do remédio.

“E aí você que está nos assistindo e que tem medo, porque a gente ouve na imprensa, a gente ouve em alguns veículos, que prestam mais desinformação do que informação séria, dizendo que essas medicações não funcionam e hoje a gente já tem evidências científicas suficientes, inclusive avaliadas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas, fazendo com que a gente possa ter muita tranquilidade que você possa receber medicamentos que vocês aqui no Amazonas já usam há muito tempo para tratamento da malária, com baixíssimo risco de causar efeitos colaterais”, declarou.

Ela não citou quais estudos comprovariam a eficácia da cloroquina, que, conforme pesquisas publicadas por instituições de renome no meio científico, pode até agravar quadros.

Desde maio do ano passado, pesquisas contestam a eficácia do medicamento contra a Covid-19.

No dia 15 de junho, a Agência de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA na sigla em inglês), revogou a autorização para uso de emergência da cloroquina de seu estoque estratégico, ao determinar, com base em evidências científicas, que cloroquina e hidroxicloroquina não eram efetivos no tratamento da infecção provocada pelo SARS-CoV-2.

Em 17 de junho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que iria parar com os testes clínicos usando a substância, pelo mesmo motivo.

No mês seguinte, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu ser “urgente e necessário que a hidroxicloroquina (uma variante da cloroquina, que também vinha sendo testada) seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19”.

Desenvolvida no Amazonas, a pesquisa CloroCovid-19 mostrou que o uso da cloroquina como tratamento preventivo (profilático) da Covid-19 estava provocando o agravamento da doença. Após o estudo chegar a tal conclusão, um dos responsáveis pela pesquisa chegou a ser ameaçado de morte pelas hostes bolsonaristas e investigado por um grupo de procuradores da República defensores do uso do medicamento.

A compra superfaturada pelo Exército do principal insumo para fabricar a cloroquina no primeiro auge da pandemia é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Confira declaração Mayra Pinheiro na íntegra:

Estamos juntos, buscando num prazo muito breve, muito curto, desenvolver todas as ações que forem necessárias e forem de competência estadual, municipal, mas, sobretudo, o que eu represento, que é o governo federal, para que não falte nem equipamentos, nem esses leitos funcionando com o efetivo de profissionais que for necessário para conduzir todos os casos clínicos, para que não faltem medicamentos para o tratamento precoce.

Aí, a gente insiste aqui a um apelo aos profissionais médicos, aos enfermeiros, aos profissionais da atenção primária, que deem aos seus pacientes o direito para que eles, ao serem diagnosticados com Covid – e aí, lembro que não é necessário a comprovação laboratorial, ela é importante do ponto de vista epidemiológico, mas quando os pacientes preenchem critérios clínicos para Covid, o médico pode prescrever o tratamento precoce, que pode salvar vidas.

O nosso maior problema hoje em todo o Brasil, e não só no Amazonas, é nós termos uma condição de abrir quantos leitos forem necessários em um prazo muito curto e para isso a gente precisa ter profissionais, a gente precisa ter equipamentos. Essa parte, os três governos vêm fazendo, mas é preciso que a gente evite que cada um de nós, até os próprios profissionais da saúde possam precisar desses leitos de UTI, possam precisar desses leitos clínicos, levando ao que a gente mais teme, que é o colapso da rede.

Então, peço de novo a todos os profissionais que trabalham nas unidades básicas de saúde, nas unidades de pronto atendimento, que prescrevam após diagnosticarem os pacientes o tratamento precoce, ele pode salvar vidas. Essas orientações já foram dadas pelo Ministério da Saúde desde maio e hoje a gente já tem mais de 150 referências científicas assegurando…

E aí você que está nos assistindo e que tem medo, porque a gente ouve na imprensa, a gente ouve em alguns veículos, que prestam mais desinformação do que informação séria, dizendo que essas medicações não funcionam e hoje a gente já tem evidências científicas suficientes, inclusive avaliadas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas, fazendo com que a gente possa ter muita tranquilidade que você possa receber medicamentos que vocês aqui no Amazonas já usam há muito tempo* para tratamento da malária, com baixíssimo risco de causar efeitos colaterais.