Duas das maiores favelas do país ficam na zona leste de Manaus, entre as maiores do Brasil

De acordo com dados da Central Única das Favelas no Amazonas, em parceria com o Data Favela e o IBGE, o Amazonas abriga duas das maiores favelas do Brasil: Cidade de Deus, no bairro Alfredo Nascimento, com 55.821 moradores, e Comunidade São Lucas, entre São José e Tancredo Neves, com 53.674 habitantes. Ambas, localizadas na zona leste de Manaus, estão entre as cinco maiores do país, atrás apenas da Rocinha (RJ), Sol Nascente (DF) e Paraisópolis (SP).

A pesquisa, a maior escuta já realizada nas favelas brasileiras com cerca de 1.000 voluntários, derruba estigmas e revela que essas comunidades são espaços de consumo, renda e protagonismo econômico. Juntas, movimentam cerca de R$ 300 bilhões por ano — valor superior ao consumo do Paraguai, da Bolívia e ao PIB de 22 estados brasileiros.

Nos últimos três meses, 55% dos moradores compraram produtos de beleza e 41% vestuário. Para os próximos seis meses, a intenção de consumo segue alta, com destaque para a Região Norte: 77% pretendem comprar roupas (acima da média nacional de 70%), e 67% planejam adquirir perfumes e cosméticos (superando os 60% do país).

O setor da construção civil também se destaca: 59% planejam comprar materiais, acima da média nacional de 51%. Eletrodomésticos (61%) e eletrônicos (47%) estão entre os itens mais procurados, além da educação — 54% pretendem investir em cursos diversos e 39% em idiomas.

O comércio eletrônico avança, com 6 em cada 10 moradores fazendo compras online, principalmente na Shopee e Mercado Livre.

Se fosse um estado, a população das favelas seria o quarto mais populoso do país, superando a Bahia e ficando atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na Região Norte, 94% sentem orgulho de morar na favela e 87% destacam a solidariedade entre vizinhos.

Os principais sonhos para suas comunidades incluem melhores moradias (19%), acesso à saúde (18%), segurança (18%) e infraestrutura, como saneamento e iluminação (14%).

No aspecto econômico, 78% se esforçam para comprar o que não tiveram na juventude, e 85% se realizam ao conquistar produtos com seu próprio esforço. Porém, 62% já se sentiram excluídos por não poder consumir itens da moda, e 50% sofreram constrangimento por falta de determinado produto.

A aparência é importante para 77%, com 57% considerando cosméticos essenciais e 37% acreditando que a boa aparência facilita o sucesso profissional. A qualidade e o custo-benefício guiam o consumo: 83% buscam produtos mais baratos que ofereçam qualidade semelhante às marcas caras.

Renato Meirelles, fundador do Data Favela, reforça: “Quem vive nesses territórios sabe o valor de cada real. Valoriza qualidade, praticidade e durabilidade. Consumir bem é tomar uma decisão segura e inteligente.”

No Brasil, há 12.348 favelas mapeadas, com 17,2 milhões de moradores em 6,6 milhões de domicílios — cerca de 8,1% da população e lares nacionais, segundo IBGE e Data Favela.