Dilma é cotada para permanecer como presidente do banco do Brics até 2025

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) deverá ser reconduzida ao cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do Brics. Durante uma reunião fechada com os líderes do bloco nesta quarta-feira (23), em Kazan, Rússia, o presidente Vladimir Putin expressou seu apoio a Dilma e afirmou que a Rússia abriria mão de indicar o próximo líder da instituição.

O NDB, criado em 2015, tem um mandato rotativo de cinco anos. O primeiro presidente foi indiano, seguido pelo diplomata Marcos Troyjo, indicado por Jair Bolsonaro. Dilma assumiu o cargo em 2023 e, ao que tudo indica, deverá continuar até 2025. O banco, com sede em Xangai, já emprestou o equivalente a R$ 188 bilhões, sendo R$ 30 bilhões destinados ao Brasil, mas está impedido de investir na Rússia devido a sanções internacionais.

Durante o evento, Dilma defendeu a substituição do dólar em transações internacionais por moedas nacionais, uma proposta que agrada tanto a Rússia quanto a China, países com os quais a ex-presidente tem mantido uma postura alinhada. Essa posição fortaleceu seu apoio em Moscou, segundo diplomatas presentes.

Em encontros com Putin e em sua fala na plenária, Dilma criticou o uso do dólar como moeda dominante e destacou a necessidade de reduzir a dependência global da moeda americana, que representa 70% das transações internacionais. A ideia de uma moeda comum foi descartada, mas a busca por alternativas ao sistema Swift e à dominância do dólar continua sendo debatida dentro do bloco.

Em setembro, Dilma havia manifestado desejo de voltar ao Brasil, mencionando saudades do país, mas sua recente postura em apoio às políticas de Rússia e China reforçou seu papel à frente do NDB. A ex-presidente participa da cúpula do Brics nesta quinta-feira (24), ao lado de convidados internacionais. A Folha tentou contato com Dilma, mas não obteve resposta.