Cientistas criam vacina contra obesidade que permite comer o que quiser

Imagine poder comer o que você quiser sem se preocupar em perder a forma física. Isso pode estar mais próximo de se tornar realidade após uma descoberta científica revolucionária que pode transformar a maneira como lidamos com o ganho de peso.

Cientistas da Universidade do Colorado desenvolveram uma vacina que torna o corpo “imune” ao acúmulo de gordura. A vacina funciona de forma diferente do Ozempic, medicamento que ajuda a reduzir o apetite e a sensação de fome. Enquanto o Ozempic age no sistema digestivo, a nova vacina atua diretamente no combate à inflamação, um dos fatores-chave que contribuem para o aumento de peso.

Os pesquisadores injetaram camundongos com Mycobacterium vaccae, uma bactéria benéfica presente no leite de vaca e no solo. O estudo revelou que, após semanas de injeções semanais, os camundongos se tornaram basicamente imunes ao ganho de peso, mesmo consumindo uma dieta rica em açúcares e gorduras.

A pesquisa mostrou ainda que os camundongos vacinados, que ingeriram alimentos não saudáveis, não ganharam peso excessivo quando comparados aos camundongos que seguiram uma dieta saudável, mas não foram vacinados. Os pesquisadores concluíram que a vacina “preveniu eficazmente o ganho de peso excessivo induzido por uma dieta ocidental”, conhecida por ser rica em alimentos processados.

Apesar dos resultados promissores em animais, os cientistas alertam que mais estudos em humanos são necessários para confirmar esses achados. Acredita-se que a bactéria Mycobacterium vaccae ajude a reduzir a inflamação induzida pelo estresse, que pode ser causada por dietas ricas em alimentos inflamatórios, como carnes processadas, grãos refinados e bebidas açucaradas.

A inflamação e o excesso de calorias podem elevar os níveis de cortisol, um hormônio do estresse, o que, por sua vez, aumenta a quantidade de gordura que o corpo armazena. Além disso, a inflamação prejudica a produção de leptina, um hormônio que regula o metabolismo e o apetite, gerando a necessidade de comer mais para se sentir saciado.

O estudo surge em um contexto em que os Estados Unidos enfrentam uma epidemia de obesidade, com três em cada quatro adultos sendo classificados como sobrepeso ou obesos. Medicamentos como o Ozempic geraram um mercado multimilionário na luta contra a obesidade, mas essa nova pesquisa oferece uma perspectiva promissora, que pode trazer um impacto mais duradouro e eficaz.

Resultados do Estudo com Camundongos

Na pesquisa publicada na revista Brain, Behavior, and Immunity, os cientistas dividiram os camundongos em dois grupos: um alimentado com uma dieta saudável e outro com uma dieta composta por 40% de gordura, 40% de carboidratos (metade dos quais vindo de açúcar) e 20% de proteína. Metade dos camundongos na dieta não saudável recebeu a vacina.

Após 10 semanas, o grupo não vacinado que consumiu a dieta não saudável ganhou 16% mais peso que os camundongos saudáveis e apresentou significativamente mais gordura visceral, a gordura perigosa que se acumula ao redor dos órgãos internos e está diretamente ligada a doenças crônicas como doenças cardíacas e diabetes. Em contraste, os camundongos vacinados que seguiram a mesma dieta não saudável ganharam menos peso e apresentaram menos gordura visceral do que os camundongos saudáveis.

Luke Desmond, primeiro autor do estudo e doutorando, ressaltou que “esse achado sugere que o Mycobacterium vaccae previne eficazmente o ganho de peso excessivo induzido por uma dieta ocidental”.

Desafios e Oportunidades Futuras

Apesar das descobertas promissoras, os cientistas ainda não sabem se os seres humanos terão os mesmos resultados e não há previsão de custo ou distribuição da vacina. No entanto, a equipe está otimista de que, se aprovada, a vacina pode ajudar a combater a obesidade nos Estados Unidos, onde a maior parte da alimentação consumida é composta por alimentos ultraprocessados.

O Dr. Christopher Lowry, autor sênior do estudo, enfatizou que “se conseguirmos restaurar a exposição a essas antigas amigas (bactérias benéficas), poderíamos potencialmente prevenir o ganho de peso e outros impactos negativos à saúde, mesmo diante da terrível dieta ocidental”.