Manaus – Depois da divulgação de estudos feitos por pesquisadores renomados, o cientista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz Amazônia, reafirmou, em entrevista a um programa de rádio, que o Amazonas vive uma segunda onda e que a nota enviada na última quarta-feira (16) pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) é desrespeitosa. Para conter o avanço da doença, o Município anuncia nesta sexta-feira (18) novas medidas.
“Talvez o único caminho para frear a segunda onda em Manaus seja um lockdown rigoroso, de uns 14 dias, para que estado, município e a sociedade de modo mais amplo possam reavaliar os erros cometidos até então”, disse o cientista. Para ele, a medida é essencial a fim de que sejam retomadas de forma segura as atividades não essenciais. “E o tão desejado e necessário retorno das aulas presenciais”, defendeu.
Para ele, a medida é essencial a fim de que sejam retomadas de forma segura as atividades não essenciais. “E o tão desejado e necessário retorno das aulas presenciais”, defendeu.
“A nota da FVS foi desrespeitosa com a sociedade. Essas pessoas que estão se contaminando, são as pessoas que estavam em isolamento, devido à atitude irresponsável do Governo do Estado do Amazonas e da FVS-AM, fazendo uma flexibilização, praticamente, generalizada. Se você como autoridade sanitária, autoriza as pessoas a fazerem isso, e claramente tem uma baixíssima capacidade para fiscalização, obviamente a Covid-19 vai aumentar, os casos irão aumentar e isso já está sendo mostrado pelos boletins”, explicou o pesquisador.
A nota enviada pela FVS mostrava que os dados de notificação registraram um aumento da ocupação em 6% nos leitos públicos de UTI e 10% nos leitos privados. Nos leitos clínicos, houve um crescimento de 20% de ocupação na rede pública e 30% na rede privada.
“Nós avisamos sobre a segunda onda em Manaus desde o dia 7 de agosto. Em um artigo publicado na Nature Medicine, eu outros sete autores de diferentes instituições avisamos pela primeira vez sobre a segunda onda. No dia 4 de setembro, nos reunimos com procuradores do MP-AM e apresentamos os modelos epidemiológicos da segunda onda, além de apontar inconsistências graves nos boletins diários da FVS. No dia 11 de setembro, refizemos uma reunião com os procuradores do MP, desta vez com a participação da FVS onde apontamos as falhas dos boletins, sendo estas falhas admitidas pela própria diretora da FVS. Fica claro nesse momento a necessidade de tomar medidas mais rígidas de isolamento sociais e necessidade eminente de suspensão das aulas presenciais.”, alertou Ferrante.
Nesta sexta-feira (18), o prefeito de Manaus, Arthur Neto anuncia novas estratégias de combate à propagação da Covid-19.