Brasileiros deportados dos EUA relatam agressões: “Nos trataram como criminosos”

Brasileiros deportados dos Estados Unidos relataram ter sofrido agressões e maus-tratos por parte de agentes do governo norte-americano durante o voo que os trouxe de volta ao Brasil. Segundo os depoimentos, os passageiros estavam algemados e acorrentados nos braços, pés e abdômen, sem acesso a água, comida ou banheiro durante mais de 50 horas de viagem.

“Eu fiquei acorrentado pelo braço, barriga e pés. Estava muito quente no avião, pedimos para sair e não deixaram. Me agrediram e me enforcaram”, contou Jeferson Maia, vigilante que estava no voo.

A aeronave partiu dos Estados Unidos, fez uma parada no Panamá e seguiu para Manaus antes de chegar ao destino final, Belo Horizonte. Durante a escala em Manaus, as condições precárias geraram protestos entre os 88 deportados, que incluíam famílias inteiras com crianças, algumas com deficiências ou transtorno do espectro autista.

Relatos de violência

Deportados afirmaram que agentes norte-americanos utilizaram força física dentro do avião. “Os meninos estavam algemados, e os caras meteram porrete. Jogaram um no chão e deram golpes até ele desmaiar”, relatou Luis Fernando Caetano Costa.

A ministra dos Direitos Humanos, presente no aeroporto de Belo Horizonte para recepcionar os deportados, classificou as denúncias como “muito graves”.

Medida emergencial

Diante de problemas técnicos no avião americano, o ministro da Justiça determinou que os deportados fossem transferidos para uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) em Manaus para concluir a viagem até Minas Gerais. Durante a transferência, foi desautorizado o uso de algemas e correntes.

Viagem marcada por abusos

Os relatos incluem famílias que ficaram sem acesso a itens básicos e crianças submetidas a situações degradantes. As denúncias de agressão física e condições desumanas reforçam a gravidade do tratamento recebido pelos brasileiros durante a deportação.