Brasil registra primeira alta no total de fumantes em 20 anos

Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de fumantes no Brasil aumentou 25% em 2024, atingindo 11,6% da população adulta — o maior índice desde 2012. É a primeira vez, em duas décadas, que o avanço ultrapassa a margem de erro, com especialistas apontando os cigarros eletrônicos como principais responsáveis.

Homens representam 13,8% dos fumantes, enquanto o índice entre mulheres subiu para 9,8%. O crescimento preocupa autoridades de saúde, especialmente pelo uso disseminado dos vapes entre adolescentes. Mesmo proibidos, eles circulam livremente, com sabores e formatos atrativos que mascaram os riscos.

Entre os principais danos à saúde associados ao uso prolongado de cigarros eletrônicos estão doenças pulmonares como DPOC e fibrose, problemas cardíacos, dependência de nicotina, alterações neurológicas e risco elevado de câncer. Também há registros de casos graves de EVALI, lesão pulmonar diretamente ligada ao uso de vapes.

Estudos indicam que mais de 25% dos estudantes do ensino médio já experimentaram os dispositivos. Muitos desconhecem que um único vape pode conter doses de nicotina até 120 vezes maiores que as de um cigarro comum. Especialistas alertam para a formação de uma nova geração de dependentes e cobram campanhas mais robustas voltadas ao público jovem.

O Brasil, que já foi referência global no combate ao tabagismo com leis rígidas e campanhas educativas, vê esse avanço ser ameaçado pela falta de controle sobre os dispositivos eletrônicos. Por não conterem tabaco e parecerem “menos perigosos”, os vapes escaparam da regulamentação tradicional.

Ainda não há estudos conclusivos sobre os efeitos de longo prazo nos humanos, mas experimentos com animais apontam para riscos significativos, especialmente câncer. O uso combinado de cigarro comum e vape pode quadruplicar o risco de doenças respiratórias.

Médicos e entidades de saúde defendem maior fiscalização, regulamentação da venda e proibição efetiva dos cigarros eletrônicos, além de campanhas específicas nas escolas, redes sociais e com influenciadores, a fim de frear o crescimento do consumo e evitar que mais uma geração seja afetada pela dependência química.