Brasil registra, em média, um ato de violência política a cada quatro dias

O Brasil registrou, em média, um ato de violência política a cada quatro dias, segundo o estudo “Violência Política e Eleitoral no Brasil” lançado recentemente pelas ONGs (Organizações Não Governamentais) Terra de Direitos e Justiça Global. Apenas em 2020, já foram 27 registros, sendo 13 de assassinatos e 14 atentados.

“Dos 327 casos analisados, muitos estão concentrados entre 2018 e 2019. A cada 13 dias aconteceu um atentado ou assassinato político no Brasil. Essa é uma realidade ainda pouco monitorada, não há estudos sistemáticos e há subnotificação. O estudo foi feito a partir de notícias e denúncias de violência”, explica a coordenadora da Terra de Direitos, Élida Lauris.

O levantamento foi feito entre janeiro de 2016 e 1º de setembro de 2020. No período, foram contabilizados 68 assassinatos políticos e 57 atentados. Mais de 60% dos crimes permanece sem solução. Foram 125 casos desse tipo no período, uma média de 25 ao ano. Os suspeitos identificados são todos homens e apenas 7% das vítimas eram mulheres.

As regiões Nordeste e Sudeste lideram o ranking com 55 e 34 crimes, respectivamente. Entre os estados, o Rio de Janeiro concentra o maior número de casos (18), seguido por Maranhão, Ceará e Minas Gerais, com 11 ocorrências cada.

De acordo com o estudo, as principais vítimas são vereadores eleitos e pré-candidatos, totalizando 61%, além de prefeitos no cargo ou ainda na disputa, com 26% do total. Em terceiro lugar estão deputados (7%), seguidos por vice-prefeitos (4%) e candidatos a governador ou dirigente partidário (2%).

A análise aponta ainda que os crimes políticos ocorrem em todo o país, mas há uma tendência de interiorização: “83% acontecem no interior. Intuitivamente o uso de violência faz parte da lógica de eliminar o adversário por questões territoriais, de atuação de organização criminosa, ilícitos ou dívidas”, revela Élida.

A violência política foi dividida em seis tipos: assassinatos e atentados, ameaça, agressão física, ofensa, invasão e criminalização.

O estudo, que é o primeiro de uma série, destaca de que a violência política extrapola o período eleitoral: “Os casos não se limitam a esse período, mas a eleição funciona como um gatilho de assassinatos e atentados. Mas os outros tipos de violência são constantes e se tornaram mais sistemáticos a partir de 2018, com uma tendência de alta da gravidade da violência cometida”, afirma a coordenadora.

Fonte: R7.COM