Bolsa cai e dólar sobe com temor de novas tarifas anunciadas por Trump

O dólar encerrou esta sexta-feira (7) em forte alta, avançando 0,51% frente ao real e fechando a R$ 5,79, após atingir R$ 5,80 na máxima do dia. Enquanto isso, a Bolsa brasileira (B3) registrou queda expressiva. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuou 1,27%, encerrando aos 124.617 pontos.

Segundo analistas, a valorização do dólar e a queda do mercado acionário brasileiro foram impulsionadas pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de novas “tarifas recíprocas” contra diversos países. A declaração, feita durante uma coletiva ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, reacendeu os temores de uma intensificação da guerra comercial.

Trump já implementou tarifas adicionais contra a China, que retaliou com novas taxações sobre produtos norte-americanos. O México e o Canadá conseguiram adiar a aplicação das medidas, enquanto outros possíveis alvos, como Reino Unido e União Europeia, já sinalizaram represálias, incluindo impostos sobre as gigantes de tecnologia dos EUA, as chamadas big techs.

Impacto nos mercados

O receio de novas tensões comerciais pressionou as Bolsas internacionais. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 0,53%, o S&P 500 recuou 0,55% e o Nasdaq, mais sensível ao setor de tecnologia, teve baixa de 0,94%. No Brasil, o Ibovespa seguiu a tendência de queda, fechando com retração de 1,27%.

Além disso, o mercado foi impactado pela divulgação do relatório mensal de empregos nos EUA (payroll), que mostrou a criação de 143 mil postos de trabalho em janeiro, abaixo da previsão de 170 mil. Apesar disso, os dados de dezembro foram revisados para cima, de 256 mil para 307 mil novas vagas.

Perspectiva dos juros nos EUA

Para João Vitor Saccardo, especialista da corretora Convexa, a revisão dos números de dezembro reforça a percepção de que a economia dos EUA segue aquecida. Isso fortalece a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros elevados por mais tempo, tornando os títulos da dívida americana (Treasuries) mais atrativos para investidores. Com isso, ativos de maior risco, como ações de mercados emergentes, tendem a perder espaço.