
Áudios vazados revelam discussões acaloradas envolvendo advogados e políticos de Caapiranga, incluindo o prefeito Matulinho Xavier Braz (UB), o vice-prefeito Jorge Martins Sobrinho (UB) e o ex-prefeito Francisco Andrade Braz (UB), tio de Matulinho. Nos registros, o grupo faz críticas severas ao juiz responsável pela cassação de seus mandatos, usando linguagem ofensiva.
Matulinho e Jorge Sobrinho tiveram seus diplomas cassados e foram declarados inelegíveis por oito anos, após denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE) por abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2024. O ex-prefeito Francisco Andrade Braz, conhecido como Tico Braz, foi multado em R$ 50 mil pelos mesmos crimes.
Segundo a decisão judicial, os políticos teriam utilizado a máquina administrativa municipal para contratar servidores temporários durante o período eleitoral, favorecendo a chapa de Matulinho e Jorge Sobrinho.
Nos áudios, o advogado do grupo, identificado como Júnior Fernandes, faz críticas explícitas ao juiz Marco Aurélio Plazzi Palis, da 6ª Zona Eleitoral de Manacapuru. Em determinado momento, Fernandes usa palavras de baixo calão, que foram gravadas e divulgadas por Jorge Sobrinho.
Júnior Fernandes é irmão do desembargador Jomar Fernandes, eleito para presidir o Tribunal de Justiça do Amazonas no biênio 2025/2027. O advogado teria supostamente afirmado a alguns clientes que sua relação familiar poderia influenciar a agilidade de decisões judiciais.
Cassação dos mandatos
O pedido de cassação foi formalizado pelo MPE após denúncias sobre a atuação de Tico Braz e de sua gestão em favor da candidatura do sobrinho e do vice. O TRE-AM acolheu o pedido na quarta-feira (27/08), declarando os dois políticos inelegíveis por oito anos e determinando a cassação de seus diplomas. O ex-prefeito Tico Braz foi condenado ao pagamento de multa de R$ 50 mil.
Crimes eleitorais apontados
A promotoria eleitoral destacou que a gestão de Tico Braz teria realizado contratações irregulares de servidores em período proibido pela legislação eleitoral, caracterizando uso da máquina administrativa em benefício das candidaturas. Além disso, o MPE acusa os envolvidos de promover perseguição política a adversários, desequilibrando a disputa e violando os princípios da igualdade entre candidatos.
O parecer final do órgão reforça que essas práticas comprometeram a lisura e a competitividade do processo eleitoral em Caapiranga.
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