Madalena Gordiano, de 46 anos, que vivia há 38 em situação análoga à escravidão, foi libertada pelo Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal em Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
O resgate foi feito no dia 28 de novembro, em um apartamento no centro da cidade, em um quartinho sem janelas e sem ventilação, onde a vítima vivia.
A história de Madalena iniciou aos oito anos de idade, quando ela bateu na porta da casa da professora Maria das Graças Milagres Rigueira para pedir um pão, porque estava com fome. Segundo o relato de Madalena, a resposta que recebeu de Maria das Graças foi: “Não vou te dar não. Você vai morar comigo.”
Madalena desde então, trabalhou sem carteira assinada durante todo esse tempo, e sem receber nenhum direito trabalhista. A professora Maria das Graças disse à mãe de Madalena que iria adotá-la, mas nunca formalizou a adoção.
Madalena foi tirada da escola e ficou todos esses anos responsável por realizar trabalhos domésticos, sem direito a uma infância verdadeira. “Não brincava. Não tinha nem uma boneca”.
Com o passar dos anos, Madalena foi rejeitada pelo marido de Maria das Graças e a professora resolveu “doá-la” para Dalton Cesar Milagres Rigueira, também professor universitário.
No entanto, na casa do novo “dono” Madalena trabalhou sem folga, de segunda a segunda, sem receber nenhum pagamento. O trabalho começava normalmente às 4h da manhã, segundo relato de vizinhos.
Em depoimento à polícia, Dalton Rigueira disse que foi ela quem optou por largar os estudos e que ele não a incentivava a retonar porque “acredita que ela não se beneficiaria de receber educação”.
