
A Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM) está exigindo que o Conselho Federal de Medicina (CFM) tome providências para que a vice-presidente do Instituto de Traumato-Ortopedia do Amazonas (ITO-AM), a médica Anna Cristina Monteiro Antony Hoaegen, comprove sua qualificação na área de ortopedia. A solicitação destaca que o registro de qualificação de especialidade (RQE) da profissional não aparece no site do CFM, levantando sérias preocupações sobre sua formação.
Conforme a PGE-AM, as informações sobre o registro de qualificação de especialidade (RQE) da médica não estão disponíveis no site do CFM, uma constatação também verificada pela reportagem do Dia a Dia Notícia através
endereço eletrônico https://portal.cfm.org.br/busca-medicos.
Essa ausência de registro levanta preocupações sobre a legitimidade da atuação da médica, especialmente em um cargo de liderança em uma instituição de saúde. A PGE-AM enfatiza a importância da transparência e da verificação adequada das credenciais profissionais para garantir a segurança dos pacientes e a integridade do sistema de saúde.
Além disso, foi estipulado um prazo de 72 horas para que os registros da médica sejam enviados. A solicitação, datada do domingo (22), foi assinada pelo procurador-geral do Estado, Giordano Bruno Costa da Cruz. Essa medida visa assegurar a verificação rápida das credenciais da profissional, destacando a urgência em resolver a situação e garantir a conformidade com as normas éticas e profissionais do setor de saúde.
Entre os registros exigidos pela PGE-AM estão o número do Registro de Qualificação de Especialidade (RQE), o diploma de conclusão de residência médica em ortopedia e o Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia (TEOT). Este último deve ser conferido mediante a aprovação em uma prova de título de ortopedia realizada pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). A apresentação desses documentos é fundamental para validar a formação e a especialização da médica, garantindo que ela atenda aos critérios necessários para exercer suas funções na área de saúde.
A reportagem do Dia a Dia Notícia entrou em contato com o CFM, o ITO-AM e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM-AM) em busca de mais informações sobre a solicitação da PGE-AM, a atuação da médica e suas qualificações.
O CRM-AM confirmou ao Dia a Dia Notícia que recebeu a demanda e informou que a resposta solicitada foi encaminhada à PGE-AM, estando agora à espera de retorno. No entanto, não forneceu mais detalhes sobre o conteúdo da resposta. Os outros órgãos contatados não se pronunciaram até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para quaisquer esclarecimentos adicionais.
Parentesco
Durante a análise de documentações, a reportagem do Dia a Dia Notícia constatou a semelhança entre os nomes das médicas Anna Cristina Monteiro Antony Hoaegen e Anna Carolina Monteiro Antony Hoaegen de Lima. Essa similaridade sugere a possibilidade de algum grau de parentesco entre as profissionais que atuam no ITO-AM. Essa conexão familiar pode levantar questões sobre a dinâmica interna da instituição e a relação entre as médicas, o que pode ser relevante para a compreensão do contexto da situação em questão.
Uma reportagem veiculada pela Revista Cenarium, na última semana, destacou que a ortopedista Anna Carolina Monteiro realizou consultas de apenas 1 minuto a pacientes do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. Essa prática levantou preocupações sobre a qualidade do atendimento e a adequação do tempo dedicado a cada paciente, sugerindo a necessidade de uma avaliação mais aprofundada das condições de atendimento na instituição. A situação gerou críticas e chamou a atenção para a importância de um cuidado médico adequado e atencioso.
Segundo informações, a profissional realizou pelo menos oito viagens entre fevereiro e novembro deste ano, participando de passeios turísticos e competições esportivas fora do Amazonas. Essas frequentes ausências podem levantar questionamentos sobre sua disponibilidade e comprometimento com as obrigações profissionais no ITO-AM, considerando especialmente o contexto das denúncias relacionadas à sua atuação no atendimento aos pacientes. A situação destaca a importância de um equilíbrio entre a vida pessoal e as responsabilidades profissionais na área da saúde.
No último dia 16, a médica publicou um vídeo nas redes sociais em que afirma que o Estado amazonense vive uma “calamidade pública” na Saúde. Essa declaração faz referência à transição administrativa do Complexo Hospitalar Sul (CHS), que inclui o Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, e o Instituto da Mulher Dona Lindu.
Registros de atendimentos médicos do Hospital 28 de Agosto, referência em ortopedia e traumatologia, aos quais a reportagem teve acesso, revelam que a ortopedista Anna Carolina Hoaegen realizou consultas de apenas um (1) minuto a pacientes. Um exemplo disso ocorreu no dia 20 de novembro deste ano, quando a médica começou um atendimento às 7h31 e logo em seguida, às 7h32, iniciou outro atendimento. Essa prática levanta preocupações sobre a qualidade do cuidado dispensado aos pacientes e a eficácia do atendimento médico na instituição.
A reportagem entrou em contato com Anna Carolina Monteiro para esclarecer o grau de parentesco com a médica Anna Cristina Monteiro e para obter informações sobre sua atuação no ITO-AM. Até o momento, aguarda-se um retorno da profissional.
Transição administrativa
Em coletiva de imprensa realizada no dia 17 de dezembro, o governador Wilson Lima anunciou que as mudanças administrativas no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e no Instituto da Mulher Dona Lindu procuram melhorar a eficiência dos serviços prestados à população. Uma das metas é dobrar o número de cirurgias ortopédicas realizadas no Hospital 28 de Agosto.
No dia 19 de dezembro, durante o programa Cenarium Entrevista, o governador forneceu mais detalhes sobre as mudanças na gestão das unidades. Ele explicou que, a partir de agora, o HPS 28 de Agosto e o Instituto da Mulher Dona Lindu estarão sob o comando da Organização Social de Saúde (OSS) chamada Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde (Agir).
Além disso, Lima destacou que, desde o ano passado, estudos internos têm sido realizados e que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi contratada para mapear a rede de saúde. O objetivo é identificar melhorias que assegurem que os investimentos sejam convertidos em benefícios diretos para a população.