Após calote da Prefeitura de Manaus, empresário denuncia perseguição de secretário oculto

Neste sábado (12), o comunicador Paulo Apurinã divulgou um vídeo denunciando publicamente o ex-secretário municipal de Comunicação de Manaus, Jack Serafim — que, apesar de não ocupar mais o cargo, age nos bastidores como um verdadeiro “secretário oculto” — por supostos calotes em veículos de imprensa locais. Apurinã, que administra um portal regional, relatou que Jack estaria atrasando pagamentos de PIs (pedidos de inserção) combinados com blogs e sites que veiculam publicidade institucional da Prefeitura.

Segundo ele, Jack Serafim controla pessoalmente quem recebe e quem não recebe, favorecendo quem lhe convém e retaliando quem cobra abertamente. Ainda de acordo com Apurinã, após expor os atrasos, ele próprio foi retaliado por uma secretária “laranja”, supostamente colocada no cargo pelo próprio Jack, para blindá-lo. Apurinã afirma que a antiga secretária, Camila, continua “mandando na pasta” sob ordens diretas de Jack, que se esconde atrás dela para fugir de cobranças.

Fontes nos bastidores relatam que o ex-secretário Israel Conte teria caído após um esquema de propina envolvendo pessoas indicadas por Jack Serafim para receber pagamentos na sede da Secom, esquema que acabou recaindo sobre Israel. Antes disso, o secretário Quaresma teria sido chantageado por uma garota de programa, o que abriu espaço para Jack assumir como subsecretário e articular a derrubada de Israel. Todo esse plano foi arquitetado por Jack, que depois se afastou oficialmente da Prefeitura para trabalhar na campanha de David Almeida.

Ainda segundo fontes, um áudio comprometedor sobre a vida de Jack Serafim pode ser divulgado nesta semana, trazendo novas revelações sobre sua atuação nos bastidores da comunicação municipal.

Na gestão do ex-prefeito Arthur Neto, Jack Serafim teria sido contratado para ajudar a resolver a delicada situação conhecida como Caso Flávio, numa tentativa de “aliviar” a pressão sobre a então gestão de Arthur, segundo fontes ouvidas nos bastidores.

As denúncias ganharam força após o vazamento de um áudio que circula desde a última semana em grupos de imprensa e bastidores políticos. Na gravação, é possível ouvir um prestador de serviços cobrar desesperadamente o pagamento de quatro parcelas — duas de R$ 15 mil e duas de R$ 10 mil — referentes a conteúdos já veiculados em apoio à imagem da atual gestão municipal. O tom do áudio revela o drama do comunicador, que relata estar há meses sem receber, enquanto a família enfrenta dificuldades financeiras. O mais grave é a revelação de uma suposta ameaça de morte, registrada em cartório, contra quem está cobrando os atrasados.

Fontes ligadas à Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) relatam, sob anonimato, que os pagamentos de publicidade institucional são tratados como moeda de troca política para manter portais alinhados à gestão em silêncio. Jack, que se apresenta como marqueteiro, é acusado de queimar a imagem da Secom, repetindo um histórico de escândalos: no passado, denúncias de propina com recursos da comunicação pública também já envolveram seu nome, segundo comunicadores locais.

O silêncio oficial diante do áudio e das novas denúncias só aumenta a revolta nos bastidores. Além da comunicação, outras áreas da Prefeitura também acumulam queixas de calote: a B M Service, responsável por serviços gerais, soma contratos superiores a R$ 33 milhões, mas deixou trabalhadores sem salário desde dezembro de 2024; a Enterpa, que recebeu mais de R$ 12 milhões este ano para coleta de lixo, enfrenta acusações de desvio de recursos para a matriz em São Paulo; e a Mamute Conservação também não pagou garis terceirizados, mesmo com repasses em dia.