Brasil – Uma amiga de Rayane Nazareth Cardoso da Silveira, de 21 anos, a traficante Hello Kitty, morta na sexta-feira (16), garante que ela pretendia voltar para a igreja evangélica e deixar a vida do crime.
Hello Kitty morreu junto com outros três suspeitos durante operação da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro, em Niterói.
A amiga, que pediu para não ser identificada, disponibilizou um print de uma das últimas conversas das duas, em que falam sobre o assunto.
“Eu não estava tentando levá-la para a igreja! Ela queria! As outras amigas falaram que ela não tinha mais jeito, mas ela já tinha me dito”, diz a mulher.
Na conversa, a amiga diz: “O diabo investiu alto na sua vida, mas Deus escreve novamente uma história para ser lida com sucesso. Pra gente ir na igreja, volta.”
Rayane, que mandou uma foto para a amiga com o rosto aparentando ter chorado, responde apenas: “Sim”.
“Todos conheciam a Hello Kitty, mas poucos conheciam a Rayane! Ela era rodeada por vários que se diziam amigos, mas não eram p* nenhuma”, desabafou a amiga após a morte da criminosa.
Enterro teve queima de fogos
Rayane Nazareth Cardoso da Silveira foi enterrada com fogos no cemitério Parque Nichteroy, em São Gonçalo. Alguns amigos vestiam uma camisa que trazia o nome dela e uma mensagem:
“Não existem distâncias quando alguém significa tudo para você. Você se foi, mas ainda te sinto comigo em todos os lugares que eu vou. Te carrego do lado esquerdo do peito e sorrio sozinha sempre que penso em você. A tristeza que eu sinto não será maior que a alegria de ter vivido uma parte dessa vida com você. Te amarei eternamente.”
A camisa é a mesma que a ex-namorada de Rayane, a DJ Isa, postou como homenagem à traficante no sábado (17).
Vida na igreja
Esta era a segunda tentativa de Hello Kitty recorrer à religião para sair da vida do crime. A primeira vez foi em 2015, quando ela tinha apenas 15 anos, mas já tinha envolvimento com o tráfico. A convite de amigos, ela começou a frequentar uma igreja evangélica. Lá, ela descobriu o dom de cantar e passou a se apresentar nos cultos.
Mas a fase evangélica durou pouco mais de quatro meses. Na sequência, ela engravidou e depois voltou à vida do crime.
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Depoimento de Rayane sobre sua vida no crime — Foto: Reprodução/Redes sociais
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Rayane canta em templo evangélico à esquerda. Conhecida como Hello Kitty, gerenciava o tráfico de drogas em comunidade de São Gonçalo — Foto: Reprodução
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Hello Kitty aos 15 anos: tatuagem e arma na coxa — Foto: Reprodução/Redes sociais
Fã de redes sociais
Hello Kitty também ficou famosa por gostar de se exibir com armas nas redes sociais. Existe registro dela nas redes, bem jovem, já com armas. O apelido Hello Kitty é dessa época e teria sido dado por criminosos, por ela ser menina e meiga, mas ao mesmo tempo corajosa e ousada como os bandidos mais experientes.
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Foto de Hello Kitty com uma arma e a tatuagem na perna — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal.
Perfil da traficante
Rayane morou no Morro do Sabão, também em São Gonçalo, e depois foi para a Nova Grécia, onde morava sua família.
Foi lá que ela conheceu o traficante Alessandro Luiz Viera Moura, o Vinte Anos, apontado como chefe do tráfico da região, e mudou de facção — da ADA para o Comando Vermelho.
Até o último dia 16, quando foi morta, Hello Kitty era gerente geral do tráfico no Complexo do Salgueiro, chefiado por Vinte Anos. O traficante era tratado com reverência por Rayane, que fez uma tatuagem em sua homenagem. Os dois foram mortos na operação policial.
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Rayane, a Hello Kitty, desde cedo na vida do crime. — Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Hello Kitty tinha uma tatuagem em homenagem a Alessandro, chefe do tráfico no Salgueiro — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
“Ela perpetrou vários roubos com o comparsa que faleceu em Minas Gerais, o namorado dela. Depois, ela se refugiou em comunidades em São Gonçalo e passou a atuar efetivamente como um braço do tráfico de drogas”, disse a delegada Camila Lourenço, da 78ª DP em 2020.
Via: G1