Alegando motivos religiosos, hospital se nega à colocar DIU em paciente

A produtora de conteúdo Leonor Macedo, 41 anos, foi surpreendida quando, durante uma consulta com uma ginecologista em que ela avaliava a possibilidade de colocar o dispositivo intrauterino (DIU), como método contraceptivo, na manhã da última segunda-feira (22) no Hospital São Camilo, foi informada que por diretrizes religiosas o procedimento não poderia ser feito na instituição.

A comunicadora foi para casa e expôs o caso no twitter em um relato que até a publicação desta reportagem já havia alcançado centenas de milhares de pessoas.

Leonor ainda revelou que o Hospital São Camilo entrou em contato para explicar que não realiza procedimentos contraceptivos em mulheres nem em homens. Segundo Leonor, foi uma conversa respeitosa, no entanto, ela criticou a postura do hospital.

Em uma das respostas aos seus comentários, uma internauta cita que o marido também recebeu a informação de que o Hospital São Camilo não realiza vasectomia. O próprio médico, no entanto, se ofereceu para realizar o procedimento contraceptivo no seu consultório particular. A consulta também foi realizada na unidade da Pompeia.

Em nota, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), que representa 51 mil serviços privados de saúde, disse que acredita que, desde que o hospital não deixe o paciente correr risco de vida e que o preceito de atendimento de emergência seja cumprido, as instituições de saúde têm o direito de implantarem suas próprias políticas de atendimento.

Procurado, o Ministério da Saúde não comentou o caso envolvendo o Hospital São Camilo. A Pasta federal penas disse que o acesso aos métodos contraceptivos pelo sistema de saúde é direito de todas as brasileiras. “Cabe à pasta garantir a oferta de diversos métodos, assim como informações, acolhimento e orientação sobre planejamento familiar nos serviços vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, relatou.

O QUE DIZ O HOSPITAL SÃO CAMILO

O Hospital São Camilo de São Paulo confirmou que, por diretrizes de uma instituição católica, não há realização de procedimentos contraceptivos, seja em homens ou mulheres.

Em nota enviada na manhã da última quarta-feira (24), a Rede de Hospitais São Camilo reforçou que, por ser uma instituição confessional católica, tem como diretriz não realizar procedimentos contraceptivos. “Tais procedimentos são realizados apenas em casos que envolvam riscos à manutenção da vida”, dizia nota.

Os pacientes que procuram pela rede e não estão com a saúde em risco são orientados a buscar na rede referenciada do seu plano de saúde hospitais que tenham esse procedimento contratualizado.