ALE-AM faz audiência pública sobre números da Covid-19 em Manaus, mas deixa a Prefeitura de fora

A pauta da Audiência Pública convocada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas para tratar sobre Covid-19 em Manaus, nesta segunda-feira (21/09), reforça a tese de politização de um assunto que deveria ser técnico. Conforme o aviso de pauta divulgado, a Prefeitura de Manaus, que deveria ser a principal interessada no assunto, não foi chamada e o confronto deverá girar em torno do Governo do Estado.

Entre os convidados estão os órgãos de controle, que não têm dado trégua à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), uma associação de médicos, o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems) e um grupo de pesquisadores liderados pelo maior opositor das políticas de enfrentamento à Covid-19 do Governo do Amazonas, o epidemiologista da FIOCRUZ/Amazônia Jesem Orellana, que inclusive distribuiu pauta à imprensa como se fosse o organizador do evento.

E por falar em Jesem Orellana é bom ficar de olho nos próximos passos dele, já que se comenta suas intenções em concorrer à presidência da instituição que afirma representar.

Para fazer o contraponto, apenas a SES-AM, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc-AM) e a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).

Não chamar a Prefeitura de Manaus, que deveria ser a principal responsável pela política de saúde na capital, deixa claro que a questão política ultrapassou a questão técnica. Quando isso acontece, perdem todos, inclusive os debatedores, que não abordarão a questão como ela deveria. Perde a Prefeitura, perde a Assembleia, e principalmente a sociedade com mais um debate maquiado, que não dará uma resposta adequada ao problema.

Está mais do que provada a importância da atuação da Atenção Básica de Saúde, de responsabilidade do município, para prevenir as mortes por Covid-19. O atendimento precoce pode salvar a vida do paciente, que não precisaria ter falta de ar para procurar uma unidade de saúde. Esse primeiro combate deveria ser dado pela UBS e a Estratégia Saúde da Família, assim como o rastreamento de contatantes, monitoramento dos doentes e as ações de vigilância.

Se isso acontecer, os hospitais, responsabilidade do Estado, ficarão apenas para os pacientes graves que precisarem de internação. Cada um fazendo a sua parte, como prevê o Sistema Único de Saúde, que é tripartite.