
O advogado José Francisco Barbosa Abud, autor de declarações racistas contra a juíza Helenice Rangel, titular da 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes (RJ), foi encontrado morto. A informação foi confirmada pela subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Campos, que emitiu uma nota de pesar nesta quarta-feira (1º).
Abud ganhou notoriedade em março deste ano, após apresentar uma petição em que se referia à magistrada com termos ofensivos e de cunho claramente racista, como “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala” e “memória celular dos açoites”. As falas foram uma reação ao indeferimento de um pedido feito por ele em um processo sob responsabilidade da juíza.
Em outro trecho do documento, o advogado também comparou as decisões da magistrada a “decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das sinhás das casas de engenho”, em uma tentativa de desqualificar o posicionamento da juíza com linguagem marcada por preconceito racial.
A repercussão foi imediata. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) divulgou uma nota de repúdio, classificando as declarações como “incompatíveis com o respeito exigido nas relações institucionais”. A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) também manifestou apoio à juíza Helenice Rangel e condenou veementemente os ataques racistas.
Diante da gravidade das declarações, a presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basílio, determinou a abertura imediata de uma investigação interna, por meio da Corregedoria da Ordem, para apurar a conduta do advogado.
A causa da morte de Abud ainda não foi divulgada pela polícia, e o caso está sob apuração. Ainda não há informações se há indícios de crime ou se a morte ocorreu por causas naturais.
A OAB-Campos limitou-se a lamentar a morte do advogado em nota oficial e não comentou sobre o andamento do processo disciplinar.