Senadores viajam hoje aos EUA para tentar negociar tarifa de 50% imposta por Trump

Uma comitiva de senadores brasileiros embarca nesta sexta-feira (25) para os Estados Unidos com o objetivo de buscar apoio político e empresarial contra a tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre exportações brasileiras. As reuniões em Washington estão previstas para ocorrer entre os dias 28 e 30 de julho.

A taxação, que entra em vigor em 1º de agosto, afeta setores como agropecuária, aviação e bebidas. O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou que a medida pode gerar prejuízos significativos à economia brasileira.

“Não temos outra opção a não ser tentar voltar ao que era anteriormente. Muitos setores estão sendo prejudicados — indústria, Embraer, o agro, [as vendas de] suco de laranja e carne. Isso realmente vai afetar a geração de emprego no Brasil, há muitas demissões previstas. Mas nós estamos otimistas de que possamos reverter isso”, declarou Trad à Rádio Senado.

O senador também preside a comissão temporária externa criada para acompanhar o tema. Embora a negociação de tarifas seja atribuição do Executivo, Trad defendeu a atuação do Senado na defesa dos interesses nacionais. “O comércio internacional não é e nem pode ser tratado como um campo de batalha ideológica ou partidária. É uma agenda de Estado, é uma agenda nacional e deve ser guiada pelo pragmatismo e pela responsabilidade, sempre com foco no que realmente importa: gerar emprego, renda e oportunidades para a população brasileira”, disse.

A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que também integra a comitiva, ressaltou a necessidade de uma abordagem firme. “Acho que o governo brasileiro precisa levar uma proposta firme e esgotar todos os esforços dentro da mesa de negociação, do diálogo, mostrando nossos pontos e os Estados Unidos colocando os deles. Só assim vamos conseguir avançar nesse tema, agora eu acho que mandar uma carta é muito pouco. Alguém deveria estar levando essa carta”, afirmou.

Além de Nelsinho Trad e Tereza Cristina, participam da missão os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG).

Antes da viagem, os senadores se reuniram virtualmente com o chanceler Mauro Vieira, a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e representantes do governo brasileiro. Segundo Vieira, o Brasil vem dialogando com o setor privado norte-americano e com o Tesouro dos EUA por meio de diversos ministérios.

Durante a reunião, foi ressaltado que, apesar das alegações de desequilíbrio, os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil. Nos últimos 15 anos, esse saldo positivo foi, em média, de US$ 410 milhões anuais — o equivalente a mais de R$ 2,2 bilhões.

A decisão de Trump foi divulgada no dia 9 de julho, pelas redes sociais. Além de citar a balança comercial, o presidente norte-americano criticou a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O anúncio gerou reações no Congresso brasileiro. Durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), senadores criticaram a medida. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, divulgaram nota conjunta mencionando a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril, que autoriza retaliações a barreiras comerciais impostas a produtos brasileiros.

“Temos a compreensão, Câmara e Senado, de que vamos defender a soberania nacional, os empregos dos brasileiros, os empresários brasileiros, que geram riqueza para o Brasil. Tenho convicção de que esse processo deve ser liderado pelo Poder Executivo”, afirmou Davi Alcolumbre após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra Gleisi Hoffmann.

Essa não é a primeira ameaça tarifária feita por Trump. Em abril, ele anunciou aumentos generalizados para vários países, mas recuou após negociações. Algumas nações, como a China, chegaram a enfrentar tarifas de até 150%, mas conseguiram acordos com alíquotas menores.