VÍDEO: China provoca Trump e publica vídeo gerado por IA com americanos acima do peso

Foto: Kevin Lamarque/ Reuters

A já tensa relação comercial entre Estados Unidos e China ganhou contornos ainda mais acirrados nesta quarta-feira (9), com uma troca de farpas públicas e o anúncio de novas tarifas punitivas. Usuários de mídias sociais chinesas viralizaram um vídeo gerado por inteligência artificial que satiriza americanos, retratando-os como obesos e descontentes trabalhadores fabris, em resposta a comentários recentes do vice-presidente dos EUA, JD Vance.

O vídeo de 30 segundos, embalado por música chinesa e intitulado ironicamente “Make America Great Again” (Tornar a América Grande Novamente), mostra uma série de imagens de pessoas com sobrepeso em ambientes fabris superlotados, costurando roupas e montando smartphones com expressões de infelicidade. Uma cena em particular, de um homem de meia-idade, aparentemente, deprimido enquanto costura um sutiã de renda branca, tem gerado grande repercussão.

A divulgação do vídeo ocorre em um momento crítico, após a China anunciar que irá impor tarifas de 84% sobre produtos americanos a partir de quinta-feira. O Ministério das Finanças chinês informou que elevará as taxas de importação planejadas sobre bens dos EUA de 50% para 84%, intensificando a retaliação às políticas comerciais americanas.

A resposta de Washington não tardou. No final da tarde de quarta-feira, o presidente Donald Trump elevou ainda mais as tarifas sobre importações chinesas, passando de 104% para 125%, com efeito, imediato. A medida surpreendente ocorreu após o próprio Trump anunciar uma pausa de 90 dias em muitas de suas tarifas abrangentes, acompanhada de uma redução para 10% durante esse período, o que inicialmente impulsionou um aumento em Wall Street.

Em sua plataforma Truth Social, Trump justificou o aumento tarifário citando a “falta de respeito” da China pelos mercados mundiais. Ele também afirmou que mais de 75 países desejam negociar acordos com os EUA, o que o teria levado a autorizar a “PAUSA de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também, com efeito imediato”. Após os anúncios de Trump, o índice S&P 500 registrou alta de 7,5% e o Nasdaq, de 9,6%.

A escalada da tensão ocorre na esteira da indignação chinesa com declarações de JD Vance, que se referiu a trabalhadores de fábrica chineses como “camponeses”. Em entrevista à Fox News na semana passada, Vance afirmou que os EUA estariam “pegando dinheiro emprestado de camponeses chineses para comprar as coisas que esses camponeses chineses fabricam”, classificando a situação como insustentável para a prosperidade econômica e para a geração de bons empregos nos EUA. A China reagiu às críticas, qualificando Vance como “ignorante e mal-educado”.

“A posição da China sobre as relações econômicas e comerciais China-EUA foi deixada muito clara”, declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, expressando surpresa e tristeza pelas palavras do vice-presidente americano.

A mídia estatal chinesa também se juntou à ofensiva de comunicação, divulgando um vídeo gerado por IA que zomba diretamente de Trump e suas tarifas. O canal CGTN lançou um vídeo intitulado “Olha o Que Você Tributou em Nós (Uma Música Gerada por IA. Uma Realidade Asfixiante)”, que critica o potencial impacto das tarifas de Trump sobre os consumidores americanos. A letra da música, apresentada em inglês e chinês, ataca a política comercial americana, afirmando que as tarifas “mataram nossos carros chineses baratos”. O vídeo também critica os “acordos” de Trump como “apenas palavras ao vento de sua língua”.

Apesar das críticas domésticas e internacionais, incluindo manifestações contrárias de bilionários como Elon Musk, Trump tem defendido suas políticas econômicas, insistindo que elas levarão a uma “revolução de manufatura” nos Estados Unidos. Em um discurso na terça-feira, o presidente americano afirmou que outros países estariam “implorando por um acordo”.

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