Desastres climáticos no Brasil disparam: alta de 250% desde 2020

Os desastres climáticos no Brasil cresceram 250% entre 2020 e 2023, em comparação com a década de 1990, conforme estudo divulgado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica. Coordenado pelo Programa Maré de Ciência da Unifesp, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Unesco, em parceria com a Fundação Grupo Boticário, o levantamento utilizou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) e da plataforma Climate Reanalyzer.

O estudo revelou que o Brasil registrou 64.280 desastres climáticos desde 1991, com um aumento médio de 100 registros anuais. Apenas nos últimos quatro anos, a média saltou para 4.077 registros por ano, refletindo a escalada de eventos extremos.

Impactos do aquecimento global

Para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global do ar, ocorrem 360 novos desastres no Brasil. No oceano, o impacto é ainda maior: um aumento de 0,1°C eleva o número de eventos extremos em 584. Desde março de 2023, o oceano aqueceu entre 0,3°C e 0,5°C, agravando secas, enchentes e furacões.

“Esse aquecimento abrupto ameaça o equilíbrio de um sistema que cobre 70% do planeta. O oceano intensifica os eventos climáticos extremos, impactando milhões de pessoas”, alertou Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Unifesp e um dos coordenadores do estudo.

Custos econômicos e sociais

Entre 1995 e 2023, os prejuízos econômicos somaram R$ 547,2 bilhões. Apenas entre 2020 e 2023, as perdas atingiram R$ 188,7 bilhões, correspondendo a 0,5% do PIB acumulado. O cenário futuro preocupa: até 2050, os prejuízos podem alcançar R$ 1,61 trilhão no cenário otimista e ultrapassar R$ 8,2 trilhões no cenário pessimista, caso o aquecimento global ultrapasse 4°C até o final do século.

Soluções e adaptação

Apesar das projeções alarmantes, a gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, destacou que ainda é possível agir. “Além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é essencial buscar a resiliência das comunidades e a adaptação climática.”

Janaína apontou soluções baseadas na natureza, como a recuperação de manguezais e dunas, para fortalecer a resiliência urbana e costeira, mitigando impactos de eventos extremos. “A hora de agir é agora. Com esforços coordenados, podemos construir um futuro mais sustentável e seguro para todos.”

O estudo reforça a urgência de implementar estratégias eficazes para enfrentar os desafios da crise climática e minimizar seus impactos em comunidades e ecossistemas brasileiros.